sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Sem saída para Cosanpa
Pela segunda vez, em menos de duas semanas, uma das principais adutoras da Cosanpa estourou dentro de uma casa na Folha 22, em frente ao colégio Gaspar Viana, outra vez prejudicando o fornecimento de água naquela e em outras Folhas da Nova Marabá. Na semana passada, a poucos metros da casa agora atingida, outro estouro da rede deixou pelo menos seis dias os consumidores na mão. Como sempre, a empresa não deu um pio – habitual procedimento desrespeitoso com os milhares de consumidores mal ou não servidos e que ainda pagam pelo desserviço ou são cobrados de forma abusiva. Em Marabá desde 1975, a Cosanpa deveria suprir as necessidades básicas do município. Todavia, sua distribuição não alcança um terço da população urbana. Bairros como Jardim União, Jardim Vitória, Independência, Belo Horizonte, Novo Planalto, Bom Planalto, Amapá, Liberdade e Vale do Itacaiúnas não são servidos. Os moradores de lá não se queixam: sabem que não teriam água mesmo e, ademais, preferem valer-se de seus próprios poços sem garantia de potabilidade. De resto, há bons três anos a empresa fala em investimento - R$ 60 milhões, o mais recente – e a coisa não flui: parece entupimento de canaleta.
Já no que se refere ao achaque do consumidor, a melhor forma de combater os desatinos da empresa (que a prefeitura ignora e/ou não toma a providência merecida, embora avalista do descaso em razão de convênio autorizativo da exploração do serviço) é deixar de pagar a conta da água que não tem. A desobediência civil, já dizia Gandhi, não é só um dever moral em tais ou quais circunstâncias, senão um direito intrínseco do cidadão. Este não pode renunciar a tal direito sem deixar de ser homem.
E posto que, diferente da desobediência criminal, a desobediência civil não comporta anarquia senão crescimento social, a Cosanpa que vá à Justiça, se quiser! Decerto lá aprenderá que sempre que o Estado reprime a desobediência civil, o que na realidade está fazendo é tratar de aprisionar a consciência.
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