Pages

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Bamburrando em Serra Pelada


Desvio pode chegar a R$ 27 milhões


O assunto do dia entre os 34 mil garimpeiros filiados à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) é o afastamento do presidente da entidade, Gessé Simão de Melo, e de outros diretores, pela juíza interina da comarca de Curionópolis, Eline Salgado Vieira. Ela amparou-se em denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) para afastá-los, argumentando que teriam desviado R$ 19 milhões da Coomigasp. A acusação é de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e formação de quadrilha. O afastamento da diretoria provocou uma crise na entidade. Opositores pregam uma nova eleição.
O dinheiro, repassado pela mineradora canadense Colossus, responsável pela infraestrutura que permitirá a lavra mecanizada do ouro a partir de 2013, era para ter sido depositado na conta da pessoa jurídica da Coomigasp, mas acabou indo parar nas contas pessoais de alguns diretores, dentre eles Gessé. O alcance do desvio de recursos, segundo as investigações, pode alcançar R$ 27 milhões.
RECURSO
Os advogados dos diretores afastados já se movimentam para ingressar com recurso no Tribunal de Justiça do Estado (TJ) na tentativa de cassar a decisão da juíza e fazer com que os acusados retornem aos seus cargos. Eles contestam a acusação de desvio e afirmam que os diretores empregaram corretamente os recursos.
Quem responde agora pela Coomigasp é o diretor Valder Falcão. Juntamente com o presidente, foram afastados os diretores Antônia Alves de Oliveira, Antônio Rodrigues Salgado, Francisco Barros da Silva, Osmano Cardoso de Souza e Tânia Anchieta Balhos.
A diretoria anterior da Coomigasp também está sob investigação. Além de deixar um rombo nos cofres da entidade, ela teria permitido que credores “fantasmas” se habilitassem a receber recursos por dívidas contraídas pela Coomigasp. Os fatos contidos na denúncia do MPE informam que a cooperativa é a detentora dos direitos de exploração do garimpo de Serra Pelada, mas não possuía recursos para fazer a mecanização da exploração mineral, já que a lavra manual hoje é inviável na área.
Foi aí que entrou em cena a Colossus. Por ter o dinheiro, o projeto e a tecnologia para fazer a garimpagem mecanizada, a mineradora assinou um contrato com a Coomigasp, originando a criação de uma sociedade anônima denominada Companhia de Desenvolvimento Mineral Serra Pelada (SPCDM). Feito isto, parte da quantia de R$ 173 milhões foi transferida para SPCDM e, em seguida, repassada parte para Antônia Alves, que era diretora financeira da Coomigasp.
Diz o MPE que Antônia recebeu da Colossus, entre janeiro de 2010 e março de 2011, em suas contas pessoais, a quantia de R$ 19.183.985,00. Grande parte foi repassado da conta de Antonia e da SPCDM para a conta de Gessé e para outras pessoas sem conexão com a cooperativa. Um segurança do presidente, Francisco Barros, recebeu R$ 890 mil sem qualquer justificativa. Assim ocorreu com relação aos demais denunciados.
(Diário do Pará)

Nenhum comentário: