Dois de junho, esqueceram o caudilho Magalhães Barata?
Bem diferente de décadas passadas, este Dois de Junho passa em branco. Foi-se o tempo em que havia feriado no dia do aniversário do maior dos mandachuvas paraenses. Muitas histórias sobre ele sobrevivem, quase sempre em forma de piadas ou sobre o mandonismo e as ações truculentas que caracterizavam o governo autoritário de Barata.
Faz hoje 125 anos que ele nasceu e, dia 29 passado fez 54 de sua morte ocorrida no palacete da Travessa Dr. Moraes, centro de Belém, imóvel onde hoje reside o arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa.
Joaquim Cardoso Magalhães Barata nasceu em Belém em 2 de junho de 1888 e morreu na mesma cidade em 29 de maio de 1959.
Foi interventor federal no Pará, de 12 de novembro de 1930 a 12 de abril de 1934. Saindo de um movimento revolucionário afinal vitorioso, com a renúncia de Washington Luis, tinha poderes quase absolutos, dado que se vivia em regime de exceção.
Aqui morreu o Barata em 1959. Hoje é residência do arcebispo de Belém |
Em 1935, uma cisão no Partido Liberal inviabilizou sua eleição para o governo do estado pelo voto direto, sepultando uma vitória que era considerada praticamente certa. O adversário era Lauro Sodré, então com 77 anos, candidato lançado pela Frente Única. Os tumultos e as cenas de violência que se seguiram, ameaçando instalar o caos no Pará, levaram Getúlio Vargas a intervir mais uma vez na política local, sendo nomeado interventor José Carneiro da Gama Malcher.
Eleito senador em 1945, Barata disputou e perdeu a eleição para o governo em 1950 para o general Zacarias de Assunpção. Cinco anos depois, disputou novamente, contra Epíligo de Campos e venceu por uma diferença de 1743 votos, após oito meses de batalha judicial. Estava no exercício do cargo quando morreu, em 1959.
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Governo de Magalhães Barata no Pará (1930-1950)
Prof. Leonardo Castro
Joaquim de Magalhães Cardoso Barata foi um dos maiores líderes políticos do Pará no século XX. Isto pode ser compreendido pelo seu governo nitidamente populista, que desenvolveu desde sua primeira interventoria, de novembro de 1930 a abril de 1934. O seu governo foi bem peculiar, pois até então todos os governantes do Pará eram claramente elitistas, encontravam seu apoio no topo da pirâmide social paraense e não misturavam suas políticas com o povo.
Vindo de uma revolução, Magalhães Barata, já bastante conhecido por sua participação nos movimentos tenentistas dos anos de 1920, revolucionou na chefia do Executivo estadual. De fato, o fez sem motivações demagógicas, pois, era previsto, tão cedo não haveriam eleições, vivendo o país em uma atmosfera de exceção.
Sem se preocupar em agredir e prejudicar a elite, Barata assumiu a Interventoria disposto a renovar os costumes políticos e os modelos administrativos até então em voga. Em primeiro lugar, tomou uma decisão radical: abriu os portões do Palácio do Governo para o povo; e os humildes moradores dos subúrbios de Belém pela primeira vez tiveram a oportunidade de subir as escadarias do Palácio, para as famosas e pioneiras “audiências públicas”. Nelas, Barata exercia múltiplos papeis: era governador, prefeito, juiz, promotor, advogado, etc. Pacientemente ouvia as queixas ou pedidos e buscava resolvê-los.
Um comentário:
Caro amigo e colega.
Tive oportunidade, ainda criança, de subir com meu avô as escadarias do Palácio Lauro Sodré para entrar na fila dos cumprimentos ao Governador Magalhães Barata empossado naquele dia. Era um homem impressionante. Fala-se muito de lideranças políticas paraenses que vieram depois dele, porém tenho certeza de que nenhuma delas chegou a ameaçar a sua inconteste supremacia. Em um tempo em que o acesso ao interior era extremamente difícil, ele percorria todo o Estado e lembro-me de suas chegadas a Marabá, dos comícios no coreto da Praça Duque de Caxias e dos grandes bailes na casa da sogra do Sr. Antonio Braga, ao lado da casa da senhora Niuza Ferreira, na Rua 5 de Abril.Ele fazia algo que jamais vi repetirem, pois às vésperas das eleições ia para o microfone da Rádio Clube do Pará, então PRC 5 e indicava os candidatos a serem votados em cada Município e o resultado sempre comprovava a sua liderança total e comando absoluto do eleitorado.
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