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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mesmo identificado, polícia não apura morte de trabalhador

O corpo não identificado de um homem encontrado em 11 de outubro de 2013 dentro de um buraco no interior da Fazenda Água Vermelha, de propriedade do fazendeiro Paulo Barbosa,  em Goianésia, provavelmente pertence a Washington de Freitas Martins, maranhense de Nova Olinda,  casado, pai de uma filha, que migrou para aquele município paraense no começo do ano passado e desapareceu.  
A suspeita é dos pais do rapaz, Domingos Otávio Cruvel Martins e Maria Leci de Freiras Martins, que procuraram em Marabá o escritório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à diocese, em busca de algum amparo.
Contou o casal que, diante do prolongado silêncio do rapaz, estiveram na polícia civil de Goianésia, agora no dia 5 de março e, ao mostrar o retrato dele, pai e mãe foram informados que o corpo achado na fazenda possuía justamente aquelas características.
Informou ainda que mal chegou em Jacundá, em 2013, Washington  Martins foi contratado para trabalhar na fazenda Água Vermelha, de Paulo Barbosa, em Goianésia. Muitas vezes o rapaz ligou para eles, dizendo estar na fazenda e tão logo conseguisse dinheiro retornaria para junto de sua mulher e filha em sua cidade no Maranhão.
Seu último contato foi em 9 de setembro de 2013, quando disse pretender retornar para casa no final daquele mês. Daquele dia em diante, não deu mais notícias.
Em meados de outubro, os pais, preocupados, conseguiram estabelecer contato com o escritório da Fazenda e falar com o Paulo Barbosa. Indagado sobre o paradeiro do filho, que era seu funcionário, ele teria dito que não tinha responsabilidade com os empregados e que contratação de empregado era com seu gerente e vaqueiro. Veio então o casal desde Olinda para Jacund,a onde o fazendeiro admitiu que Washington desaparecera e ignorava seu destino.
Na delegacia de Goianésia falaram-lhe do morto achado no buraco da fazenda Água Vermelha zcom características assemelhadas à foto que apresentaram. Como tinha sido localizado apenas alguns dias após o assassinato, o delegado disse ter requisitado exame de DNA para comprovação de identidade. O exame teria comprovado que se tratava de Washington e o IML atestara que fora assassinado com tiros na cabeça.
Passados três meses sem que a polícia local tenha feito qualquer esforço para apurar o crime, em 21 de fevereiro recente e, de posse do resultado do DNA, o casal retornou à delegacia de Goianésia onde registrou ocorrência. Um mês depois, contudo, a única peça investigatória encontrada na delegacia sobre o assassinato de Washington, foi o mesmo boletim de ocorrência registrado pelos denunciantes e nada mais. Mesmo com a identificação da vítima, a polícia não diligenciou, não ouviu ninguém e nada fez para apurar o crime.
Especula-se que Washington pode ter sido vítima de trabalho escravo e de crime de pistolagem. Porém, sem investigação a família continua sem respostas sobre o que realmente aconteceu com seu filho no interior da fazenda. Para a CPT, o assassinato de Washington é mais um caso entre tantos outros trabalhadores maranhenses que vêm para as fazendas do Pará, são assassinados e os crimes permanecem totalmente impunes.


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