“Vitimistas! Mini Marxistas! Viva Bolsonaro 2018!”, gritaram os passageiros
Na tarde de sábado (19/12) no vôo
TAM-JJ3705 de Brasília para Congonhas-SP, um grupo de jovens artistas sofreram
ofensas racistas por parte de funcionários da TAM que seguiam no vôo como
passageiros. Segundo relato dos artistas, os agressores foram acobertados pelos
comissários de bordo da TAM, receberam privilégios no tratamento dentro do
avião e tiveram sua conduta racista apoiada por parte dos passageiros.
Depois que começaram a vender passagens nas Casas Bahia, ficou foda
andar de avião!”
Os jovens artistas periféricos
voltavam de Brasília, onde participaram da 3° Conferência Nacional da
Juventude, que reuniu por 4 dias cerca de 5 mil jovens de todo o país e onde se
discutiu, entre outras coisas, justamente a problemática da questão racial no
Brasil.
Segundo o relato, um homem branco
teria enviado uma mensagem com teor racista para um colega, também branco,
sentado à algumas poltronas de distância: “Depois
que começaram a vender passagens nas Casas Bahia, ficou foda andar de avião!”
O mesmo homem teria, em uma segunda mensagem ao amigo, escrito: “Pede pra trocar de lugar com a feinha aí”,
referindo-se a uma das jovens negras do grupo.
Pede pra trocar de lugar com a feinha aí”
Os jovens, ao perceber a troca de
mensagens discriminatórias, resolveram tirar satisfações junto ao agressor, que
reafirmou: “Para andar de avião, a pessoa tem que
se comportar direito”.
Com a discussão, os comissários
de bordo intervieram e ameaçaram chamar a Polícia Federal. Os jovens foram
incisivos em concordar que se chamasse a PF, já que estavam sendo vítimas de
racismo, crime inafiançável no Brasil. A tripulação não acionou a polícia,
promoveu mudança de lugares dos agressores e o vôo seguiu. No entanto, durante
a viagem, os jovens perceberam que um dos agressores fora convidado pelos
comissários a conversar separadamente sobre o ocorrido, atrás das cortinas do
serviço de bordo e a discussão recomeçou. “Porque
a tripulação ouve e trata com privilégio os agressores e não os agredidos?”
, questionou o grupo de jovens.
Para andar de avião, a pessoa tem que se comportar direito”
Com a aeronave em solo, já na
chegada à SP, o grupo de artistas resolveu promover uma intervenção artística
ainda dentro do avião, com um recital da poesia “Somos”, de autoria de Juliana
Rodrigues, a Afro Ju, uma das jovens agredidas durante o vôo. Eis que parte dos
passageiros, incomodados com o conteúdo dos versos, passaram a hostilizar o
grupo. “Vitimistas! Mini Marxistas! Viva
Bolsonaro 2018!”, gritaram alguns passageiros,
segundo relatos dos jovens.
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