Leio, enfim, no blog do Hiroshi Bogéa, a fundamentação usada para a condenação imposta pela Justiça Federal à deputada estadual Bernadete ten Caten (PT), por improbidade administrativa, incluindo a suspensão dos seus direitos políticos por cinco anos, e a outros três: Paulo Treviso, ex-assessor na Superintendência do Incra no Sul do Pará; Antonio Dias Leite (Leite Santos Eventos e Locações de Equipamentos Ltda.), Paulo Gondin Leal e Eventum Planejamento Ltda.
“A sentença da Justiça Federal, diz Bogéa, condena Antonio Dias Leite e a empresa dele Leite Santos Eventos e Locações de Equipamentos Ltda; além de Paulo Gondin Leal e a empresa Eventum Planejamento Ltda, incursos nas sanções do Art. 10, II e Art. 11, II da Lei 8.429/92, as penas de ressarcimento integral do dano, no total de R$ 40.800,00 -, além de penas idênticas às aplicadas em Bernadete e Paulo Treviso.” E esclarece: “Antonio Dias Leite e Paulo Treviso são pessoas da extrema confiança de Bernadete Caten. O primeiro é o atual gerente da Setran em Marabá e é sempre escalado para as missões mais importantes do Partido dos Trabalhadores nas campanhas eleitorais.”
Evidentemente, digo eu, da sentença cabe recurso - de sorte que a deputada Bernadete pode provar sua inocência. Seu histórico é de relevantes serviços prestados ao município de Marabá, como professora, secretária de Educação na administração Haroldo Bezerra e vereadora competente.
Quando Bernadete assumiu a gestão fundiária, o que era um simples posto avançado do Incra transformara-se na SR-27 (Superintendência Regional) que é até hoje, com a mesma estrutura precária dos primeiros tempos; ou seja, multiplicou-se a abrangência da sua jurisdição mas tudo permaneceu como antes, no quartel de Abrantes: sem transporte, sem funcionários suficientes para a envergadura das novas responsabilidades.
Muito antes de assumir, Bernadete foi hostilizada por setores do segmento agrário, que tentavam plantar na Superintendência o nome de João Batista, advogado do movimento pela reforma agrária.
Lembro-me que MST e Fetagri chegaram a acampar na sede provisória do Incra (na Folha 33, ao lado da Celpa, porque a sede na agrópólis estava em reformas), mas ela sobreviveu. Na volta a seus assentamentos e acampamentos, um grupo dos insatisfeitos invadiu uma fazenda e disse que seguia ordens de Bernadete, que, inclusive, liberara óleo diesel para o transporte das famílias.
Tudo orquestrado, naturalmente, mas Bernadete sobreviveu.
Atirada à arena (ou circo) da luta pela terra, num órgão de gestão burocrática e que vai ao sabor da maré, por falta de uma política de vanguarda para a ocupação da terra, Bernadete enrolou-se, parece-me, principalmente por levar para assessorá-la militantes que, pouco depois, foram acusados de tirar proveito da bagunça, à sua revelia mas em seu nome.
Sua condenação, em primeira instância, deve ser uma decorrência desses fatos.
Portanto, não vamos crucificá-la.
Vamos dar-lhe um voto de confiança.
2 comentários:
Compartilho tambëm com sua preocupaçao, Ademir. Dar um voto de confiança à deputada Bernadete, pela sua biografia, é o mínimo que podemos fazer diante das circunstâncias.
Detalhe: como sempre ocorre em início de mandatos, quer parlamentar ou Executivo, há sempre um brutamontes a impedir que a imprensa fale com seus superiores. Do momento em que tive em mãos resumo da sentença, tentei ouvir Bernadete para colocar na coluna do Diário a versão dela junto com o despacho do judiciário. Fiz três ligações para o celular dela. Todas cairam antes de concretizar o link. A deputada viu o número do meu celular tocar as tres vezes, tanto viu que em seguida ligou para seu gabinete e determinou a um assessor que entrasee em contato comigo já que eu nao conseguira falar com ela nas tentativas operadas. O samaritano da assesssoria de Bernadete ligou em seguida para o meu número e passou o comunicado, perguntando se eu poderia adiante "qual era o assunto que eu tinha para tratar com a parlamentar", já que ele (assessor) estava autorizado a reponder pela sua patroa.
Ora, diante de tão gravidade questão, ainda tive a delicadeza de dizer que ele, como assessor, não tinha nenhuma condição de se reportar ao assunto que eu gostaria de checar com a deputada, mas que se ela pudesse dar retorno, seria bastante interessante para os dois lados.
Se passaram 24 horas até o fechamento da coluna do Diário e a deputada petista não se dignou fazer a ligação.
Pensa, Ademir, se eu iria esperar pelo menos mais uma semana a boa vontade da Bernadete, e com notícia de tal monta em meu colo, correndo o risco de você tomar conhecimento da "bomba" para publicar em sua página deliciosa que publicas no Correio do Tocantins!. Estou doido? Ou varrido?
Um abraço, "titio".
Seu irmão.
Concordo com a abordagem feita na matéria sobre a deputada Bernadete. A propósito, leia a nota que ela divulgou ontem à impresa. Está no meu blog: www.blogdogiusti.blogspot.com
Postar um comentário