segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Astronautas não são eternos
(Ademir Braz)
Sem sabê-lo cúmplice ou algoz,
ouço com angústia o celular em silêncio.
Tudo em mim dói. Há em mim só marasmos.
Tenho a alma em frangalhos. Nós,
de um amargor de fel intenso,
sobem-me à boca entre espasmos.
Espreito-me, forasteiro de mim.
Sou pássaro sem canto na cilada
que o imprevisto amor armou-me, enfim.
Nada ficou. Sequer a auto-estima.
Prisioneiro tardo, olho-me de soslaio:
Sou fruto peco sem a luz que vem de cima.
Voou para longe a grave e ruiva alvorada
e sei: se tentar segui-la, eu plano e caio
e nunca mais talvez reveja outra alvorada.
Mas eu, que nunca me caibo, eu vou revê-la.
Ícaro suicida, voarei. Minhas asas de cera,
uma flor na mão, uma quimera - voarei.
Até virar, amor, estrela entre as estrelas.
(Tucumã, 21.09.07)
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