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sexta-feira, 27 de março de 2009

Destruição e violência

Marabá, Pacajá, Itupiranga e Tailândia são os municípios paraenses agregados pelo Ministério do Meio Ambiente à lista dos 43 que mais desmatam a Amazônia. Não bastasse a extensão da (irreversível?) depredação ambiental, levantamento realizado pela Agência Brasil, divulgado em abril de 2007, identificou uma estreita relação entre desmatamento e violência nesses municípios. A pesquisa cruzou os dados do Projeto Prodes (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite) com o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, realizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI), com o apoio do Ministério da Saúde. Segundo o autor do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, Julio Jacobo, a ausência do poder público e a apropriação ilegal de terras são as principais causas da violência na região de desmatamento da Amazônia brasileira. Jacobo afirma que existe, sim, uma coincidência entre o arco do desflorestamento da Amazônia e o Mapa da Violência. Dos 10 municípios mais violentos do Mapa da Violência, cinco ficam na região do Arco do Desflorestamento, avaliou o pesquisador. À época, o coordenador do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (Isa), André Lima, ouvido pela Folha de S. Paulo, disse que a ausência do poder público era o fator determinante para que as áreas com maiores índices de desmatamento sejam também as regiões mais violentas da Amazônia brasileira. Lima ressalta que essa relação é bastante evidente já que nas áreas onde não existe o controle do Estado há uma ocupação ilegal e, conseqüentemente, uma maior violência. Faz sentido. Nos últimos anos, Marabá, Pacajá e Tailândia assiduamente freqüentam as páginas policiais envolvidas numa escalada de crimes sem precedente – estupros, execuções sumárias, assaltos a banco, pistolagem, tráfico crescente de drogas, carvoejamento clandestino, improbidade administrativa. Até a pacata cidade de Itupiranga tem sido abalada por inesperada onda de violência. Sinal evidente de que é grave o estado de insegurança pública é a presença, a partir desta semana e a pretexto de treinamento, de 180 homens da 23ª. Brigada de Infantaria de Selva em parceria com as polícias militar, civil e rodoviária federal, no patrulhamento ostensivo de pontos estratégicos de estradas e ruas de Marabá.

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