O investimento do governo na ampliação da reforma agrária é, neste primeiro ano da gestão de Dilma Rousseff, o menor desde 2001.
No auge do investimento em reforma agrária , em 2005, o governo Lula gastou R$ 815,2 milhões até julho . Tanto em termos absolutos quanto em percentuais , esse é o valor mais baixo da era petista até julho . Pelos mesmos critérios , o montante também é menor do que o registrado nos dois últimos anos do governo Fernando Henrique Cardoso.
O Brasil sem Miséria quer impulsionar a regularização de áreas já ocupadas, melhorar a produtividade e facilitar a venda de mercadorias da agricultura familiar . Mas não contempla a expansão do acesso à terra . A reforma agrária também quase inexiste na fala da presidente . Em uma das únicas vezes em que tocou no tema , Dilma se limitou a dizer que "acredita" na reforma, mas não disse o que fará por ela .
Ao longo da última década , o país se tornou mais urbano , o emprego na agropecuária aumentou, o desembolso com o Bolsa Família quase triplicou e mais pessoas passaram a ganhar a aposentaria rural . Simultaneamente, a mobilização dos movimentos sociais rurais despencou: o número de famílias acampadas pressionando para ser assentadas caiu de 59 mil , em 2003, para 3.579 em 2010.
"O programa de assentamento parou", disse Guilherme Costa Delgado , pesquisador aposentado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e membro da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária ). Para o pesquisador , os últimos três governos fizeram a "opção estratégica " pelo modelo brasileiro de agronegócio, que envolve grandes propriedades e monocultura .
"O agronegócio seria um jeito de inserir a economia brasileira na economia mundial, por meio da provisão de commodities, como a salvação das contas externas ." Ele afirma ainda que houve cooptação de lideranças do movimento dos sem-terra . Segundo a ONG Contas Abertas , os repasses para entidades ligadas à reforma agrária explodiram desde o início do governo Lula . Foram de R$ 73,3 milhões em 2003 para R$ 282,6 milhões em 2010.
(João Carlos Magalhães, Folha de S.Paulo, 01-08-2011)
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