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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Meu Retrato Poético


Recebi, do ilustre amigo e colega advogado Plinio Pinheiro Neto, a respeito do lançamento, hoje, da agenda Retratos Poéticos 2012 da Ed. Escrituras, na Livraria Saraiva no Shopping Boulevard, em Belém.
A coleção Retratos Poéticos, organizada por Marcílio Costa, é publicação anual de uma das mais importantes editoras do Brasil, a Escrituras, de  São Paulo. A cada ano, um estado brasileiro e seus poetas são homenageados, e neste a coleção apresenta a nova geração de escritores do Estado do Pará, entre os quais fui honrosamente escolhido:

Caro amigo e colega.
Fico feliz vendo-te a abrilhantar esta agenda poética e tendo teus méritos intelectuais sendo reconhecidos alhures. Pena que Marabá, ao longo do tempo, tem sido ingrato com os seus valores, preferindo os importados de outras regiões, numa troca nem sempre compensadora.
Fosse em outras plagas, serias um instrumento vivo de transmissão de tua verve aos jovens de nossa terra aos quais tanto faz falta alguém que lhes abra horizontes e aponte caminhos novos, isso, incentivado pelo poder público, que tão pouco ou nada faz nesta área.
No desabrochar de teus 60 anos homenagens, como esta de Belém, gratificam mas não preenchem o enorme vazio que a insensibilidade de nossa terra aos poucos foi criando dentro de ti. Sofres como poeta, de um modo como só os poetas sabem sofrer e lutas para que o desencanto e a amargura não sufoquem o teu estro e necessitas fingir que nada sentes, como nos fala Fernando Pessoa no poema Autopsicografia: “O poeta é um fingidor, / finge tão completamente, / que chega a fingir que é dor,/ a dor que deveras sente”/.
Ou como escreveste lá pelos idos de 1970 em A aranha e o silencio: “A poesia é apenas isto – silencio na memória da carne, no vazio da raiz dos cabelos. E como sobrevivo, entre a face do espelho e o gume da navalha, atiro as palavras como pedras ao mar.”
Não obstante tudo isso, entre lutas, incompreensões e injustiças,continuas a plantar a semente da beleza poética, uma beleza que o mundo de hoje teima em não admitir, mas que permanece viva e alimenta nossas almas, através de mentes privilegiadas como a tua. E necessário que não permitas que teu coração se endureça e te mantenhas sempre jovem, no pensar e no amar, senão aconteceria contigo o que nos fala Afrânio Peixoto: “Há um poeta morto em cada homem que amadurece” e não queremos que isso aconteça.

2 comentários:

Paulo Pereira disse...

Jornalista Ademir Braz.

Tenho-o como uma referencia cultural não só em nossa região, mas no Pará e no Brasil.Tenho orgulho de tê-lo como conterrâneo e diante da noticia sobre a Agenda Poética e o comentário feito pelo advogado Plinio Pinheiro Neto, esperei algum tempo, para ver se os visitantes do seu blog faziam alguma consideração e mais uma vez, pude constatar entristecido que a eles só interessam os assuntos políticos e os comentários envolvendo Maurino, Tião, João Salame e Bernadete.É lamentável!Quero dizer-lhe que concordo com tudo que foi escrito pelo Dr.Plinio e que lamento a frieza de nossa gente, a partir das "autoridades" para as coisas do pensamento e da cultura.

Ademir Braz disse...

Paulo:
obrigado pelo estímulo. Já vivemos tempos melhores, em Marabá, principalmente nas gestões de Bosco Jadão, Hamilton Bezerra e Haroldo Bezerra em que a atividade cultural foi apoiada e prestigiada.
Mas tempos tenebrosos instalaram-se em nossa terra e o obscurantismo, o atraso, o analfabetismo funcional, a exaltação da estupidez são a forma que assumiu a administração nos tratos da coisa cultural.
Ainda bem que não precisamos desses predadores para sobreviver ou produzir nossa arte.
E tem mais, Paulo, intelectual que erguer sua voz contra os desmandos e a repinagem do patrimônio público está estigmatizado para sempre. Pelo menos enquanto perdurar a hoste dos hunos que se apropriou do Legislativo e do Executivo.
Você viu o que fizeram com as bibliotecas públicas? Os jovens do bairro de São Félix estão vendo e sentindo na pele o vandalismo praticado contra a que lá existia.