Um coquetel vai marcar, às 18:30 de quinta-feira, 17 de novembro, o lançamento da agenda Retratos Poéticos 2012 da Ed. Escrituras, na Livraria Saraiva no Shopping Boulevard, em Belém. No sarau previsto com escritores que ilustram a agenda, cada participante poderá ler um poema, não necessariamente o que consta na agenda, ficando a critério de cada um.
A coleção Retratos Poéticos, organizada por Marcílio Costa, é publicação anual de uma das mais importantes editoras do Brasil, a Escrituras, de São Paulo. A cada ano, um estado brasileiro e seus poetas são homenageados, e neste a coleção apresenta a nova geração de escritores do Estado do Pará.
No dizer de um dos maiores poetas amazônicos, João de Jesus Paes Loureiro:
"São poetas que vivem na Amazônia, co-habitando no Estado do Pará, imersos em uma bacia semântica cultural para a qual fluem os rios simbólicos de uma região flúvio-florestal, assim como das culturas do mundo viabilizadas por essa complexidade hidrográfica virtual da internet, que lhes inunda a invenção. O ethos da terra emerge em diferentes níveis na obra desses poetas sem fechamento das fronteiras de linguagem e sentimento. Pelo contrário, há uma tendência que os entrelaça: alegorizar, abstrair, ressignificar, transportar, converter a experiência pessoal em expressões poéticas que a ultrapassem. Ainda que sendo a poesia um livre jogo entre sensibilidade e entendimento, documento e emoção, os autores aqui reunidos não desejam confinar geograficamente sua expressão. Compreendem o significado de sua residência na terra, mas se consideram inquilinos do mundo atual."
Entre os 20 escritores dessa edição, o próprio poeta Marcílio Costa, Jacqueline Darwich, Paulo Nunes, Josette Lassance, Abílio Pacheco, Antônio Moura, Roseli Souza, Aristóteles Miranda e Ademir Braz.
Leia detalhes desta publicação no link:
http://www.escrituras.com.br/agendas.php
Um comentário:
Caro amigo e colega.
Fico feliz vendo-te a abrilhantar esta agenda poética e tendo teus méritos intelectuais sendo reconhecidos alhures. Pena que Marabá, ao longo do tempo, tem sido ingrato com os seus valores, preferindo os importados de outras regiões, numa troca nem sempre compensadora. Fosse em outras plagas, serias um instrumento vivo de transmissão de tua verve aos jovens de nossa terra aos quais tanto faz falta alguém que lhes abra horizontes e aponte caminhos novos, isso, incentivado pelo poder público, que tão pouco ou nada faz nesta área.No desabrochar de teus 60 anos homenagens como esta de Belém, gratificam mas não preenchem o enorme vazio que a insensibilidade de nossa terra aos poucos foi criando dentro de ti.Sofres como poeta, de um modo como só os poetas sabem sofrer e lutas para que o desencanto e a amargura não sufoquem o teu estro e necessitas fingir que nada sentes, como nos fala Fernando Pessoa no poema Autopsocografia: “O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. Ou como escreveste lá pelos idos de 1970 em A aranha e o silencio: “A poesia é apenas isto – silencio na memória da carne, no vazio da raiz dos cabelos. E como sobrevivo, entre a face do espelho e o gume da navalha, atiro as palavras como pedras ao mar.” Não obstante tudo isso, entre lutas, incompreensões e injustiças,continuas a plantar a semente da beleza poética, uma beleza que o mundo de hoje teima em não admitir, mas que permanece viva e alimenta nossas almas, através de mentes privilegiadas como a tua. E necessário que não permitas que teu coração se endureça e te mantenhas sempre jovem, no pensar e no amar, senão aconteceria contigo o que nos fala Afrânio Peixoto: “Há um poeta morto em cada homem que amadurece” e não queremos que isso aconteça.
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