Mariazinha,
irmã de Ana, valente lavadeira,
mãe
de Donato, José e Valdez; Maria menina
que
punha no olho azul de Valdemar o verde
da mata e o grão de luz dos diamantes.
Na
casa de palha em que vivemos pedíamos
apenas
que teu sorriso iluminasse do quadro
na
sala, as flores que púnhamos ao teu redor.
Amiga
pequenina de Paquinha, tão sozinha,
e
de Edgar que a loucura uns tempos consumiu;
de
Bena, o generoso, cujo coração cresceu
Até
matá-lo dentro de um barco sem destino;
Mariazinha
de Elpídio, o calafate, que a boiuna
encantou
sob a lua nas calhas do Pirucaba;
Mãe
de Geralda, parteira, e de Zezinho, guardião
das
ervas cheirosas e encantarias do quintal;
Mariazinha
dos pretos pobres da Taboquinha,
que
traziam o santo óleo do babaçu para o cuscuz
de
arroz, hóstia matinal dos operários da oficina.
Doce
Maria sem romeiros! Se tanto, a cantoria,
o
terço das idosas de xale e rosário nas mãos;
Santa
Maria dos desejos sonhados e não vividos,
Dos
amores e afogados para sempre desaparecidos.
Ai,
Mariazinha das negras tecedeiras de bilros,
Soubesse,
eu nem rezaria! Contrito, só exibiria
a
vida artesanal que aos poucos apuro todo dia,
e
os amores que entreteço nos cabelos brancos.
2 comentários:
Que Belo
Singelo
Ternura
Que Desamargura
O Coração Desiludido.
Melhor Sonhar
Acreditar
Que vai Melhorar
Já não dava como estava
Salve Ademir
Salve Marabá
Arnilson
Saudades de ti e dos teus, Mariazinha.
Eu que conheci Ana e outros valentes.
que conheci Donato, Valdez e Ademir ...
Que conheci a casa de palha, o barco e o calafate
Que banhei e vadiei no Pirucaba,
Que me assombrei com a boiuna
Que degustei do cuscuz de arroz ao óleo de babaçu
Que rezei ave-maria na Igreja de São Felix e na Capelinha.
Sei agora que já faz muito tempo (...) mas, até hoje, sinto saudades de ti e dos teus, Mariazinha.
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