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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O necessário poético



Foto: Ademir Braz

Matinal
                        Ademir Braz
                                (Para Idelma Santiago)
Ouço, quieto, os primeiros cantos:
pássaros nas árvores e quintais;
e a voz que entoa afetos e cismares.

Sob céu e nuvens das horas,
o dia é um farol distante
na praia invisível do amanhecer.

Dorme – doce e terna - a amada nos lençóis.
                   
Como pássaros, as ondas buscam em bando
a placidez d’areia e sobre ela tecem ninhos
de folhas, talos, conchas, destroços náufragos.
Na praia infinda, coqueiros bailam
à carícia incessante dos ventos.
                                                            
Lá distante, barcos surreais que, no dia,
arranham a costa plúmbea das águas,
luzem na penumbra como pirilampos.

Enquanto as sombras me abandonam,
eu espero. A maré ruiva da manhã
embala suave o casco da janela. 

                                                                                     Ajuruteua -15.12.12; Marabá 13.01.2013

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