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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quem financia a invasão do CAT/FATA?

Emmanuel Wambergue*

Vocês sabiam que sem-teto andavam de Hillux, de Pajero e outros carros? Vocês sabiam que sem-teto têm tratores de esteiras? Vocês sabiam que sem-teto têm condições de pagar pedágio com taxa de R$ 200,00?
Pois se Hillux, Pajeros, tratores e pedágios não são de sem-teto, o que está acontecendo lá no CAT/FATA é uma assalto, ou seja, é um caso de polícia e, ainda, os sem-teto são apenas massa de manobra de mandantes manipuladores.
 Os mandantes do assalto sabem que o Centro Agroambiental do Tocantins (CAT) foi um programa da Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal do Para (UFPA) montado em 1987 em negociação com os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Marabá, Itupiranga, Jacundá e de São João do Araguaia.
Os mandantes do assalto sabem que, para executar esse programa de pesquisa, de formação e de ações de desenvolvimento, os membros do CAT criaram a Fundação Agrária do Tocantins Araguaia (FATA) representando a Agricultura Familiar através dos STTR do Sudeste do Pará e o Laboratório Sócio Agronômico do Tocantins (LASAT) representando os pesquisadores da Agricultura Familiar.
Os mandantes do assalto sabem que o terreno pertence à FATA desde o dia da sua criação, 1 de agosto de 1988, que só foi permitido como fundação pelo Ministério Público porque tinha um fundo, no caso, o título de terra. Os manipuladores sabem que a FATA é dirigida, hoje, por um conjunto de 17 STTR.
Os mandantes do assalto sabem que o projeto arquitetônico da FATA foi elaborado pela UFPA, apresentado e aprovado em 1991 pela Comunidade Europeia e construído com acompanhamento dos professores/engenheiros e seus alunos em 1992.   
Os mandantes do assalto sabem que 57% do terreno têm declinio de mais de 45%, inclusive com perigoso boqueirão vertical de mais de 35m; que 84% da área são de mata original com recuperação por regeneração natural de exatamente 25 anos. 
Os mandantes sabem que a parceria FATA/LASAT deu origem aos primeiros trabalhos de Pesquisa/Desenvolvimento/Ação (PDA) através de ações-testes escolhidas e executadas por  Grupo de Interesse Local (GIL) nas áreas dos posseiros, hoje  com mais de 200 assentamentos no sudeste do Pará; eles sabem que da FATA nasceram a cooperativa de prestação de Serviços (Copserviços) e os primeiros serviços comunitários de grupos de viveiros, de hortas, de galinheiros, de apicultura, alimentação alternativa, agroecologia,  reforçando a criação das delegacia sindicais e, mais tarde, as associações... 
Os mandantes do assalto sabem que da parceria FATA/LASAT nasceram os cursos de especialização de Desenvolvimento da Amazonia (DAZ), o Núcleo de Estudo da Agricultura Familiar (NEAF) da UFPA, que hoje tem curso de mestrado, inúmeras pesquisas de campo, formação/capacitação e estágios de convivência de agrônomos florestais realizados na FATA. 
Os mandantes sabem que da FATA nasceram os grupos de venda em comum de arroz, castanha, feijão, urucum, cujo conjunto criou em 1993, a Cooperativa Camponesa do Araguaia Tocantins-COCAT, hoje Federação das Cooperativas do Araguaia-Tocantins (FECAT), integrada por sete cooperativas.
Os mandantes do assalto sabem que dos vários encontros de jovens, na FATA, foi criada em 1996 a Escola Família Agrícola (EFA), escola da pedagogia da alternância do ensino fundamental do Campo; eles sabem que se formaram, na FATA, pelo Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (PRONERA), duas turmas de técnicos nível médio com especialização em agroecologia.
Os mandantes do assalto sabem que a FATA foi palco da criação do Fórum da Educação do Campo (FREC), conjunto de movimentos sociais, organizações civis e entidades de pesquisa/ensino público, que permitiu a criação do IFPA/CRM no PA 26 de Março, a 25 km de Marabá.
Os mandantes do assalto sabem que, nesse último ano, foram realizados vários módulos da Escola Nacional de Formação da CONTAG com turmas estaduais de mais de 60 sindicalistas- estudantes.
Os mandantes do assalto sabem porque pararam a EFA e o PRONERA na FATA:
- em 2009, a FATA sofreu uma tempestade violenta que derrubou inúmeros árvores sobre telhados, rede elétrica e estrada, sem felizmente machucar nenhum dos 160 alunos presentes, e que isso levou tempo para consertar os prejuízos;
- em 2010, a EFA ensino fundamental parou por causa do corte da verba de alimentação por parte da prefeitura, embora a pedagogia da alternância exige a presença tempo integral dos alunos durante 15 dias na escola e 15 dias na suas roças/comunidades!
 - em 2010, depois da criação da Escola Técnica, ou seja Instituto Federal do Pará, Campus Rural de Marabá (IFPA/CRM), o curso do ensino médio de técnicos em agropecuária foi para lá transferido. 
- em 2011, a Vale do Rio Doce informou à FATA que ela seria em parte desapropriada para receber a ferrovia da ALPA e o desvio da Transamazônica, portanto impedida de mudar qualquer infraestrutura.
Os mandantes do assalto sabem que aconteceu uma reunião na FATA na primeira semana de abril desse ano, com a presença do secretario nacional da CUT, do atual prefeito de Marabá, dos presidentes das CUT do Pará e Maranhão, presidentes de vários Sindicatos de ferroviários e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do Pará, Tocantins e Maranhão, representantes do Banco do Brasil e dois da Vale do Rio Doce. Nessa reunião foi apresentado a história da FATA e aprovado um novo projeto de capacitação para agricultura familiar. 
Por fim, os mandantes do assalto sabem que a prefeitura de Marabá já investiu, no inicio desse mês, na recuperação das estradas e limpeza da FATA; eles sabem que, no ano passado, uma primeira licitação permitiu a reforma dos prédios das salas e das secretarias pelo PROINF via Caixa Econômica  e que já está marcada para esse mês uma segunda licitação.
 Já que os mandantes do assalto à FATA afirmam que seu objetivo é resgatar um projeto ambiental parado, o que estão fazendo lá derrubando matas originais, entupindo nascentes de água, acabando com a escola da floresta visitada por inúmeros alunos das escolas publicas de Marabá? Se eles pretendem resgatar o projeto parado, o que eles vão fazer com o projeto parado da ALPA, ao lado da FATA?     
                            *Agrônomo aposentado, 25 anos de trabalho e colaboração com a FATA

   

2 comentários:

guilherme disse...

é mas pelo jeito a fata não tava nem ai mas para area o certo é que esse tanto de sindicatos, que ganham dinheiro tambem, e muito, não se preocuparam em sequer colocar alguem para tomar de conta do patrimônio quando é sem terra que invade fazenda é vagabundo,quando invadem terra dos sindicatos são ricos que não precisam e tão querendo especular, não tõ entendendo mas nada PAGÂO

Anônimo disse...

É bom para a FETAGRI sentir na pele como é ter um imóvel,s eja rural ou urbano, pois muitos donos de imóveis rurais pagaram pelas terras, investiram na pecuária e em infra estrutura.

Como são as coias. Esse mundo da voltas e voltas...