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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Novos estados: atualizando a pauta

Do atento Val-André, de Brasília, em clipping para Quaradouro: Novos estados, ousadia e os verdadeiros cães Fonte: Provincia do Tapajós *Por Paulo Leandro Leal A discussão sobre a redivisão territorial do Pará ganhou novos contornos nas últimas semanas, com a mobilização da Associação Comercial do Pará (ACP) contra a criação dos novos estados e a pronta reação das associações comerciais mais importantes do interior do estado. Os ânimos se acirraram e, mais uma vez, ficou claro que o Pará já é um estado bastante fragmentado, longe de ser esse território uno, integrado e coeso como defendem os anti-separatistas. Ficou claro, também, que os inimigos da redivisão estão por toda a parte, inclusive nas próprias regiões que hoje sonham com a independência. Longe de querer enganar o leitor, deixo claro que meu posicionamento não é imparcial nesta questão. Defendo, de forma intransigente até, a criação de novos estados no Pará e na Amazônia. Acredito, também, que já poderíamos ter conquistado a tão sonhada emancipação política, se fôssemos mais ousados. Quando se tem um sonho e se acredita nele, é preciso ousar, lutar cada batalha, a cada dia, para transformar este sonho em realidade. A emancipação política e administrativa de regiões que sempre foram consideradas um anexo, uma colônia ou um fundo de quintal pela classe governante e empresarial do Pará, é um anseio legítimo do nosso povo. Anseio que deriva do abandono, do sofrimento, da dor sofrida durante anos e anos sem que os gritos tenham sido escutados na nossa Capital. Não escutam por estarem muito longe. Não escutam por estarem muito ocupados defendendo os seus próprios interesses, em detrimento dos interesses do Pará. Não escutam por serem insensíveis. Não, não existe e nunca existiu uma estratégia da classe política destas regiões para criar novos estados e acomodar grupos políticos e econômicos regionais. No máximo, ecoam um sentimento da população destas regiões, um grito e um clamor por desenvolvimento, Justiça e dignidade. E que muitas vezes não passam disso, um eco na boca de políticos que se desfaz em discursos e mais discursos, sem ações concretas. Não, não se trata de um projeto das "elites" econômicas destas regiões, mas uma vontade popular que transborda nos corações aflitos, nas mentes já cansadas de um povo que insistiu, por muitos anos, em ser paraense. O nosso governo estadual, liderado pela petista Ana Júlia, mandou dizer que tinha projetos para fazer com que este povo esquecido, abandonado, passasse a se ver como paraense. Não, governadora, são os que comandam este estado que nunca viram estes milhões de pessoas como paraenses. Sempre fomos vistos como números de eleitores em uma planilha eleitoral. Pior, não como eleitores que decidem, mas como um adendo, uma ajuda, um pouco de votos a mais nas urnas, alguém para ser ouvido, mas nunca atendido. Chega de nos ouvir e pedir a nossa participação. Este povo clama pela solução de seus problemas há anos, décadas e séculos. Será que os mandatários ainda não sabem o que querem? Precisamos de ações, não de sessões em um divã para chorarmos nossas mágoas e contarmos nossos problemas. E as soluções não chegam, as ações não saem do papel. Discursos e mais discursos não se concretizam. O que fazer?, pergunta o João, a Maria, o José, e cada um mais dos moradores que tanto insistiram em ser paraenses. Só há uma forma de garantir, ao menos, uma nova chance, um novo começo. Uma oportunidade de fazer diferente. Criar novos estados não é diminuir, regredir, mas multiplicar e distribuir. Multiplicar nossa representação política, os empregos, as escolas, os hospitais e as oportunidades de um futuro diferente da exclusão e pobreza. Dividir as riquezas, a renda, as responsabilidades e os resultados. Basta de dizer que a redivisão vai acabar com o Pará. Ele já está acabado, pois assim deve ser considerado um estado que não consegue dar dignidade aos seus habitantes. Ele já está fragmentado, rompido, apartado. Durante tantos anos, a classe política se mostrou totalmente inepta e incompetente para administrar tamanho território. E não há o menor indício de que isso vá mudar agora. E nem depois. Pelo contrário, continuamos a ser colônia, para a exploração alheia. Sangue que alimenta o vampirismo daqueles que não querem, isso sim, perder seus privilégios. Por fim, precisamos ousar. A ousadia é uma arma dos fortes. E precisamos ser fortes, inclusive, para enfrentar os covardes de nossas próprias regiões. Precisamos de coragem para enfrentar os adversários conhecidos, mas também os verdadeiros cães que latem a favor dos novos estados, mas mordem, na calada da noite, traiçoeiramente, os que defendem este projeto. E o fazem em nome de projetinhos pessoais ou do próprio orgulho, ferido diante da ação de novos líderes que começam a demonstrar ousadia. Os acontecimentos das últimas semanas começam a mostrar de que lado as pessoas estão. Os que como eu, defendem a redivisão do Pará, à luta.Tomando sempre cuidado com os vampiros que querem sugar nosso sangue e suor e com os cães, os vira-latas que podem nos morder em nossa própria casa. *Paulo Leandro Leal é jornalista e editor do Jornal o Estado do Tapajós, em Santarém (PA) Terça, 07 de agosto de 2007 Estado de Carajás – independência ou morte? * Otávio Araújo Recentemente, alguns 'líderes políticos' da capital Belém, começaram a se mobilizar para boicotar o momento separatista no Estado do Pará. Foi só a notícia chegar na capital, sobre o parecer favorável da comissão para ser votado no plenário do Senado a aprovação do plebiscito que cria o Estado de Carajás, que os 'preguiçosos' começaram a se movimentar, dizendo que criar dois novos estados (entra ai o Tapajós) dentro do Estado do Pará, é morte certa. Claro, morte para os paraenses nortistas que vivem das riquezas do sulistas. O sul e sudeste do Pará são os 'primos ricos' do norte (Belém, principalmente). Na região onde compreende (se Deus quiser) o Estado de Carajás – CA, estão localizadas as maiores riquesas do Estado do Pará: hidrelétrica de Tucuruí, Serra dos Carajás, Mineração Onça Puma, maior número de frigoríficos e rebanho bovino do Estado, maior bacia leiteira, e maior produtor de abacaxi, entre tantas outras riquezas. A esperança real para a emancipação do Estado de Carajás somente será possível se o Senado Federal e Câmara dos Deputados mudarem a lei que indica a realização do plebiscito em todo o Estado. Se a votação acontecer somente na área que compreende o Estado de Carajás, é tiro na mosca, mas caso contrário, é morte certa. Não quero ser pessimista, porém a criação do Estado de Carajás só ocorrerá em 2009 – num pacote que ainda envolve Estado do Araguaia, Maranhão do Sul, entre outros, pois no ano seguite haverá eleição para presidente da República, senadores, deputados estaduais e federais. Aí, o Lula, vai se interessar, pois estará acabando o seu mandato, assim sendo ele sairá candidato a senador pelo recém criado Estado de Carajás, e continuará em Brasília por mais oito anos, copiando o que ocorreu com o presidente José Sarney, que foi se eleger senador em 1990, pelo recém criado Estado do Amapá. O Estado do Amapá foi emancipado em 1988. O presidente Lula já tem propriedades (não em seu nome, claro) no sul do Pará. Além dele, seu filho 'o Lulinha' e o seu coordenador de campanha, Duda Mendonça, também são proprietários. Outros caciques brasilienses e tocantinenses também estão investindo no sul do Pará, adquirindo grandes propriedades de terra. Tudo isso favorecerá para a emancipação do Estado de Carajás. Coisas de política. Ah! Outra coisa. Estão surgindo 'pai da criança' por toda parte. O meu medo é que algumas autoridades se esqueçam de suas obrigações, pois estão atravessando o samba, ou seja, estão se metendo onde não lhes cabem. Existem outras obrigações para ser cuidada, como a saúde, segurança, educação, entre outras. Então, deixa quem de direito tomar conta da emancipação, e vocês cuidem de suas obrigações, pelas quais são bem remuneradas. Não sou contra a mobilização, mas ainda é cedo. * Otávio Araújo - É jornalista e Chefe de Redação do jornal A Notícia em Redenção (PA) "Obras do PAC não esfriam ânimo separatista" Fonte: Diário do Pará A deputada Bernadete Ten Caten (PT) previu ontem que os investimentos do PAC anunciados para Marabá e Santarém, as duas cidades-pólos dos movimentos separatistas em prol da criação dos Estados de Carajás e Tapajós, não vão esfriar o ânimo emancipacionista dos moradores de ambas as regiões. "Eu aplaudo o governo federal e o governo estadual pelos investimentos, mas não acredito que eles tenham qualquer influência no sentido de conter o desejo de emancipação", disse a deputada, ao comentar os investimentos de R$ 1 bilhão anunciados para municípios paraenses no final da semana passada. Para ela, a governadora Ana Júlia deu uma sinalização concreta e objetiva, ao articular a contratação desses investimentos com o governo federal, de que o atual governo se propõe a satisfazer pelo menos parte da enorme demanda reprimida por investimentos no interior do Pará. Mais que isso, adiantou Bernadete Ten Caten, a governadora mostra que pretende começar a pôr fim ao abandono secular a que estiveram relegadas aquelas duas importantes regiões do Estado. Para ela, não deixa de ser louvável a atitude de Ana Júlia, mas o fato é que o movimento emancipacionista - ela rechaça o termo "separatista" - ganhou dinâmica própria, na sua avaliação, em face da acumulação de demandas insatisfeitas, gerando com isso um anseio coletivo que foi se fortalecendo ao longo de décadas e séculos. "A nossa esperança é que a criação de novos Estados será uma coisa boa para todos, inclusive para o Pará remanescente", assinalou a deputada, acrescentando que os gastos a serem feitos pelo governo na implantação dos novos Estados não poderão ser contabilizados como custos, e sim como investimentos. "Será uma forma de investir na dignidade, no desenvolvimento humano e na justiça social", concluiu. Frank Siqueira

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