sábado, 15 de setembro de 2007
Distrito Florestal, não!
A proposta do Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente, de implantação do chamado Distrito Florestal de Carajás no sudeste do Pará não tem qualquer apoio dos diversos movimentos sociais e instituições da região do Bico do Papagaio (Pará, Maranhão e Tocantins). É o que declaram MST, CPT, MAB, MPA, Via Campesina-Pará, Fetagri, Fórum de Mulheres do Sudeste do Pará, colegiados de Ciências Agrárias e Pedagogia do campus da UFPA em Marabá, entre outras representações, em Carta Aberta tirada no seminário “Estado e Campesinato na Amazônia: Debate sobre o DFSC”, realizado em Marabá nos dias 30 e 31 de agosto e 1º de setembro de 2007, só agora divulgada.
“Com a proposição desse Distrito – diz o documento -, conformado por uma área de 200 Km de raio a partir de Marabá e de Açailândia, o Governo Federal pretendia canalizar recursos para o plantio de 1 milhão de hectares de monocultura de árvores, gerando 5 milhões de m3 de toras para a indústria madeireira e 17 milhões de m3 de toras para carvão. Negando que a decisão sobre essa proposta devesse dar-se em uma velocidade acelerada e com pouca reflexão, como desejava o Governo Federal, os movimentos sociais do Sul e Sudeste do Pará não participaram das reuniões oficiais e decidiram construir um seminário para o debate e a reflexão independente sobre o tema.
Para as organizações não-governamentais, a proposta federal parte de dois pressupostos equivocados: 1º) considera equivocadamente que monoculturas de árvores são florestas. Florestas, em regiões tropicais, são caracterizadas pela biodiversidade e pela sócio-diversidade, que não existem nesses plantios homogêneos. 2º) considera assim também que esta é uma região degradada e que só uma agricultura em bases capitalistas seria capaz de se instalar aqui. “Não se pode desconsiderar os impactos ambientais e sociais que essa região sofreu desde a década de 1970, com a expansão da atividade mineral e siderúrgica e da grande pecuária extensiva, cujos maiores exemplos são os desmatamentos, as queimadas, a miséria, a violência e o trabalho escravo. Esses impactos precisam, de fato, ser revertidos, mas o plantio de monoculturas de árvores não atende a essa necessidade”.
Enfim, para as entidades, a proposta do governo federal apenas “representa a expansão do agronegócio na região baseado na monocultura de árvores, que irá subordinar o campesinato, posto que é agronegócio, e violentar a verdadeira floresta e sua gente, posto que é monocultura”, o que não lhes interessa.
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Um comentário:
Bom dia, Ademir:
faltou um terceiro pressuposto, este nada equivocado, do ponto de vista do interesse do Governo Federal e sua perene - independente do governante de plantão - visão rasteira do norte e dos "nortistas": a re-federalização do território, especialmente do estado do Pará, um arremedo moderno do Decreto 1164.
Abraço
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