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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Batizado

A princípio pensei que o senhor da pastoral do batismo falava um dialeto nagô, tupi, ou recitava uma ladainha em northambrian. Na verdade, percebi depois, ele apenas chamava pelo nome as crianças que no dia seguinte receberiam o sacramento do batismo. E eram Cauã, Willis, Lindayany, Kayron, Kaylon, Williamys, Williame... E eu, que me chamo José, lembrava com nostalgia as Amélias, Marias, Antônias, Josefas (e as Rosas, Margaridas, Gardênias, moçoilas com nome de flor), e os Pedros, Gregórios, Joaquins, Ambrósios de tempos não tão longínquos assim. Felizmente meu afilhado já se chamava Vinícius, em bom latim a lembrar poeta romântico e a influência românica da última flor do Lácio, inculta e bela. No dia seguinte, domingo, chegamos à igreja do São Félix depois da missa e iniciada a cerimônia sacramental. Contrafeitos, agentes pastorais e o próprio sacerdote não ocultaram seu sentimento e pareciam dizer: “Que cristãos são esses que vêm à igreja consagrar seu filho e afilhado e não participam da missa, a sagrada comunhão de mortais com santos mártires e a gloria dos santos espíritos?” Nós, de nosso lado, evitamos explicar que Vinícius estava com aguda crise de pneumonia, sob medicação sem resposta adequada, isso de nada adiantaria, não era motivo para festa nem risos nem justificações. e tão grave era o momento que saímos correndo para a clínica onde Vinícius ficou internado por três ou quatro dias.

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