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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Um dia, quem sabe...

Dois bandidos armados e de motocicleta me assaltaram dia 23, pela manhã, na saída do Banco do Brasil da Nova Marabá, onde não havia um único segurança público ou particular. Logo em seguida tomamos, meu amigo e eu, duas medidas absoluamente idiotas e desnecessárias: chamamos a polícia e tentamos rastrear os assaltantes. Foi tudo muito rápido: os caras sabiam até quanto eu tinha retirado (para pagar a escola do meu filho) e levou-me a pochete com todos os documentos de jornalista, advogado, maçom, um gravador portátil, celular, carteira porta-cédulas, outras miudezas. Se estivesse armado eu teria arrebentado os dois assim que me viraram as costas para fugir. Em seguida, e por via das dúvidas, eu chutaria a cara deles até desfigurá-los, porque bandido bom é bandido morto. Mas sou apenas um cidadão que mesmo tendo votado contra o desarmamento estou impedido de usar uma arma sob pena de crime inominável, porque andar armado hoje é prerrogativa de bandido. Aliás, é impressionante a facilidade com que um bandido mal-saído da cadeia aluga uma arma e vai para as ruas, mesmo não tendo um centavo para pagar o suposto aluguel. Sou advogado desde 2000, e dá para contar numa das mãos as vezes em que fui à delegacia de polícia. O Direito Penal é bonito, os criminalistas estão nadando em dinheiro, mas acho que lugar de bandido é na cadeia – principalmente traficantes, ladrões, pistoleiros, estupradores (e desses últimos tem delinquente aqui fora que ainda passa por gente de bem). Impossibilitado agora de pagar as contas, ainda vou curtir a frustração de qualquer hora ver os dois com a cara na página policial, presos em flagrante ou com a boca cheia de formiga, sem que eu, impotente nesse assunto, tenha tido participação efetiva na captura ou no acerto de contas. É que, se um bandido bom é um bandido morto, a vingança é um negócio que não deveria ser apenas afrodisíaco dos deuses e demônios.

6 comentários:

morenocris disse...

caramba...apesar dos pesares o seu texto deixou tudo tão bonito... bach... vá entender, AB.

Feliz Ano Novo pra vc e família.

Beijinhos.

Dr. Valdinar Monteiro de Souza disse...

Ademir, mano velho:

Lamento profundamente isso que lhe aconteceu, meu amigo e irmão. E, cheio de indignação, assino em baixo do que você escreveu. Esse tipo de coisa é a prova absoluta de que o Brasil é um Estado moderno e, por conseguinte, de um povo supercivilizado. Ah!... Esqueci-me de que é "moderno" e "supercivilizado", com aspas.
A próposito, recomendo-lhe a leitura da crônica "O Estado e a violência", que publiquei hoje no blog http://valdinar.zip.net.
Você tem a minha inteira solidariedade. Pena que valha tão pouco!

Anônimo disse...

... bandido morto! Você não difere dos direitistas de plantão, que desejam a pena de morte. É até compreensível e humana a sua revolta, dada a sua condição de vítima. Agora, que você está equivocado, isso está. Sei que você refletirá e apagará o posto, que não é mais que um desabafo

Ademir Braz disse...

Ô das 12:33: sai do anonimato e manda teu endereço que providenciaremos a entrega, lá, das mãos e das cabeças dos teus amiguinhos.

Dr. Valdinar Monteiro de Souza disse...

É brincadeira de mau gosto, mano velho. Era o que faltava! Pior do que ser insultado por bandido que pousa de intelectual bem-intencionado abrigado covardemente sob o véu acintoso do anonimato, certamente, só mesmo ser assaltado e ainda xingado pelo assaltante, que, por certo, na visão distorcida desse bandido-pseudointelectual-ou-pseudointelecutal-bandido, deve ser tratado a pão-de-ló e chamado de seu-doutor-ladrão. Não sei, sinceramente, como esse esquerdista de araque que não sai da moita não sugeriu aos assaltantes que te processem por danos morais. Sei lá! Talvez ainda se decida por fazê-lo.
Repito, meu irmão e colega, você tem a minha solidariedade, ainda que valha tão pouco.

Anônimo disse...

Caro Ademir,
Lamento o acontecido.
Já sentí o mesmo drama num assalto em minha residência com coronhada em minha cabeça.
A sensação é essa mesmo!
"O ONDE, O COMO E O PORQUE" do que aconteceu parece que não importa para nossa sociedade, que continua impassível e cada vez mais refém dessa violência.
Até quando?
Nilson.