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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Neuton Miranda, a partida do companheiro da boa política

A blogosfera paraense se reuniu como algo orquestrado para tratar do falecimento de Neuton Miranda, político filiado ao PCdoB há 38 anos, presidente estadual do partido no Pará. Este blog não poderia deixar de abordar este triste fato, primeiramente pela importância e reconhecimento do trabalho de Neuton; segundo por comungar e admirar o líder comunista paraense. Acometido por um infarto fulminante, o companheiro Neuton, nos deixa, para acampar sua luta em outros lugares, em outro plano. Neuton era um ícone da esquerda paraense, por ser fiel aos seus ideais, suas propostas e ideologia política. De fala e jeito calmo, manso, mas um gigante quando estava em jogo a discussão sobre o Pará, seu desenvolvimento e o futuro de seu povo. Estava a cinco anos à frente da Superintendência do Patrimônio da União, onde liderou uma verdadeira revolução na questão da regularização fundiária em áreas de marinha, algo que poucos se intrometiam em mudar, melhorar e conceder aos mais necessitados. Neuton fomentava o sonho da casa própria e do direito à regularização da terra a milhares de famílias. Nunca abriu mão de exercer sua ação política e de seu partido, o PCdoB, agremiação política de pouca estrutura no Pará, o que rendeu a Neuton diversos convites à ingressar em outros partidos de esquerda de maior visibilidade e estrutura, mas ele sempre relutou em acreditou no fortalecimento dos comunistas sob seu comando. Nas eleições de outubro, Neuton tentaria voltar ao parlamento paraense, concorrendo a uma cadeira na Alepa, por isso, agilizava seus trabalhos na Superintendência da União, para se dedicar ao seu partido e a sua candidatura. Neuton iniciou sua militância política ainda durante a ditadura militar. Foi dirigente da UNE, foi preso e depois mergulhou na clandestinidade. Sempre no PC do B, com a abertura política Neuton começou a organizar o partido no Pará. Dele foi presidente estadual por vários anos. Neuton foi também deputado estadual, candidato ao senado federal, presidiu a Cohab no primeiro governo de Almir Gabriel, com quem rompeu de forma digna após o massacre dos trabalhadores sem terra em 17 de abril de 1996. Neuton mostrou dignidade em sua atitude, mostrando que as alianças políticas transcendem o interesse pragmático da ocupação de espaços na máquina do estado. A morte de Neuton é uma perda imensurável a boa política, ao bom debate, a coerência de posicionamentos, a defesa de ideais, do trabalho social, da política como instrumento de mudança e ajuda aos mais necessitados. Neuton se vai, mas deixa uma história, uma lição de vida, uma grande obra construída em prol da sociedade paraense. (Prof. Henrique Branco, 22.02.2010)

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