O terreno , situado à margem do ramal de acesso da Transamazônica à cidade , achava-se abandonado há pelo menos um quarto de século , sem cercas ou benfeitorias , servindo de lixão a céu aberto , até que foi ocupado por cerca de 180 famílias sem teto em 14 de março passado .
Uma obscura cadeia sucessória, segundo o advogado dos despejados Francisco Duarte, incide sobre o imóvel . Na ação de reintegração de posse , Josedina Martins Ferreira alegou propriedade da terra desde cinco de outubro de 1987, quando a comprou de Maria Pereira Lima , suposta foreira desde maio de 1986. A transmissão do bem constante da Certidão de Matrícula , só se deu em 11 de março de 1993.
O terreno integra a Gleba São João, doada pelo antigo Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins (Getat, hoje Incra) ao município em 1985 para a expansão da zona urbana . A terra era do Incra em razão do Decreto-lei no 1.164, de 01.04.1971, que tornou patrimônio da União todas as terras devolutas situadas a 100 km de cada lado do eixo de todas as rodovias federais existentes (incluída aí a Transamazônica), em construção ou mesmo projetadas na Amazônia Legal . Essa incorporação era parte do PIN (Plano Integração Nacional , decreto-lei de 1970), criado no governo do General Garrastazu Médici, e que considerava as terras devolutas “indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento nacional ”. Competia, portanto , ao governo federal – por intermédio do Incra – decidir o destino das terras da região . A federalização dessas áreas abriu espaço para grandes investimentos do capital nacional e estrangeiro na Amazônia, fato que determinou que os interesses do governo federal prevalecessem sobre os locais . Assim , o Pará teve mais de 70% de suas terras transferidas para a União .
O termo de doação da gleba pelo Incra vedava qualquer destinação que não fosse para a expansão urbana sob pena de nulidade “independentemente de interpelação judicial ou extrajudicial , implicando em conseqüente reversão do imóvel doado, suas benfeitorias e acessões , ao patrimônio da União Federal , sem direito a qualquer indenização ao município donatário ” (cláusula 3ª do Título de Domínio ). Ademais , qualquer doação de porções de terra a terceiros só seria válida se “devidamente autorizada pelo Legislativo municipal poderá a prefeitura promover a doação de áreas rurais e urbanas a entidades federais , estaduais, municipais ou particulares , desde que reconhecida como de utilidade pública ” (Cláusula quinta ).
Dessa forma , se a terra foi titulada a uma pessoa física , no caso , dona Maria Pereira Lima , terá sido sem amparo da Câmara , o que deixa a Prefeitura de São João em situação pouco confortável .
5 comentários:
O Poder Público sempre atrasado...
As necessidades da sociedade não podem pagar pela lentidão e o desinteresse dos órgãos da Administração Pública.
Ora, se o GETAT, hoje o INCRA, não teve condições de fiscalizar o cumprimento da DOAÇÂO da GLEBA em São João para a Prefeitura Municipal não deveria hoje, depois de pacificado o conflito social de ocupação, reivindicar a respctiva área.
Agora, se aproveitar da ocupação da área por trabalhadores sem terra, e, após a articulação da sociedade por meio das lideranças políticas de São João do Araguaia (vereadores, lider de associação, deputado e os mais diversos membros da sociedade organizada local), para convencer a Prefeitura da necessidade de Ddesapropriação da área, para, após tudo isso, falar em RECUPERAÇÃO DA ÁREA pelo INCRA, é ir contra a realidade local.
Veja que contra senso, o INCRA contra a desapropriação para efeitos de destinação da área para o loteamento urbano.
É um tiro no pé, àqueles que defendem tal raciocínio.
Quem deve ser responsabilizado é o próprio INCRA que foi omisso na fiscalização das Doações de glebas na região.
Se a destinação não foi atendida, reivendicava-se a área.
Agora, depois de pacificado o conflito pretender desenterrar difunto.
É absurdo.
Estranho, das 13:04, é a prefeitura ter doado a terceiro uma área urbana sem a permissão legal da Câmara, e essa benefíciária, logo em seguida, transferi-la para uma parenta do grupo político mais forte e mais antigo de São João.
Outra questão: o Incra não cuida de invasões urbanas, nem de todas as terras da União.
Ô DEMIR! Esse sobrenome Martins não me é estranho. Não é daquela dinastia fedorenta que a décadas manipula cartório, câmara, justiça e até legaliza terreno no céu, e com sede na pobre e indefesa São João do Alagai-a? Ah mano! se eles quiserem, jumento voa. Não vê o que eles fizeram na última eleição? E com a anuência do TRE. Não tem jeito Mano! Se tem dinheiro, mesmo que roubado, pode tudo. Certo?
CEBINHO.
Ô DEMIR! Esse sobrenome Martins não me é estranho. Não é daquela dinastia fedorenta que a décadas manipula cartório, câmara, justiça e até legaliza terreno no céu, e com sede na pobre e indefesa São João do Alagai-a? Ah mano! se eles quiserem, jumento voa. Não vê o que eles fizeram na última eleição? E com a anuência do TRE. Não tem jeito Mano! Se tem dinheiro, mesmo que roubado, pode tudo. Certo?
CEBINHO.
Ô DEMIR! coidado! Esse das 13:04 deve ser pistoleiro da gangue impura de lá.
KIABO.
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