A crise no Ministério dos Transportes levou o a equipe do JN no Ar a investigar a situação das estradas brasileiras. A viagem começa no Norte do país, mais precisamente no sudeste do Pará. O estado tem as piores ligações rodoviárias do Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Transportes.
A equipe de reportagem percorreu três rodovias e encontrou uma situação de abandono: pistas sem sinalização, buracos grandes demais, que representam risco para os motoristas.
O TCU identificou superfaturamento em trechos de rodovias do Pará que passam dos R$ 33 milhões. Mais da metade das rodovias paraenses são consideradas ruins ou péssimas pela Confederação Nacional dos Transportes.
A equipe saiu de Brasília com destino a Marabá. Foram 1.185 quilômetros em uma hora e quarenta minutos, no avião do JN no Ar.
Às 5h duas equipes saíram de Marabá. Uma seguiu pela BR-230 e a outra pela BR-155. Já na saída da cidade, ainda escuro, movimento na estrada. Os buracos fazem o carro da segunda equipe saculejar. As poucas placas de sinalização estão encobertas pelo capim alto. Acostamento não existe. E uma carroceria de caminhão aparece abandonada no meio da pista.
O dia amanhece, jogando luz pelo estado precário da estrada. Um trecho da rodovia se tornou pista de mão única por causa de uma cratera no meio da rodovia. Motoristas ignoram o risco e passam em alta velocidade.
“A estrada que a gente tem é essa daqui. Não tem acostamento, não tem nada”, diz um motorista.
A rodovia ocupa a quarta posição no ranking das piores ligações rodoviárias do país, segundo a Confederação Nacional dos Transportes. Os caminhões são obrigados a trafegar em ziguezague.
Seu Valdir viajava com a família. Foi desviar de um buraco, e caiu em outro. Por sorte, um borracheiro parou para ajudar. “Prejuízo porque perdi um pneu, estou viajando já com pouco dinheiro e agora tenho de comprar outro pneu”, conta.
Outro motorista se arrisca andando com o pneu furado até encontrar um socorro. É que parar pode ser perigoso.
Um posto de fiscalização era da Polícia Militar do Estado do Pará, mas depois que a estrada entrou para a malha rodoviária federal, ele foi desativado e, até hoje, está abandonado. O processo de federalização da rodovia não terminou. Por isso, a estrada está sem lei.
“Policial rodoviário não existe. Se você pedir um socorro, não adianta, não em canto nenhum”, afirmou o caminhoneiro Cornélio José Leite.
“A gente tenta fazer o alcance da polícia chegar em toda a rodovia, mas sem material humano não tem condições. Com a não conclusão do processo de federalização, a gente não pode atuar”, declarou o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Carlos Alberto Rodrigues.
Só quem frequenta esse posto é o seu Mateus, o vigia. “Minha profissão é açougueiro”, ele revela.
A BR-222 é a pior ligação rodoviária brasileira, de acordo com a CNT. Mas o asfalto está conservado. Motoristas como Seu Francisco, que teve o caminhão quebrado, reclamam do acostamento nada seguro. “Aqui é perigoso porque o acostamento é estreito”.
No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal registrou 114 acidentes com 9 mortes no trecho entre Marabá e Dom Eliseu. Não há balanças para os caminhões e as obras de manutenção foram suspensas com a crise no Ministério dos Transportes.
Na BR-230, a Transamazônica, a equipe escolhe o caminho com muito cuidado. A ilegalidade impera e muitos motoristas acabam pegando a contramão e o acostamento. Há obras em alguns trechos e uma placa traz um aviso desalentador: apesar de tudo, a estrada ainda vai piorar.
O asfalto da BR-155 acabou. É possível perceber que a via não recebe uma obra de manutenção há muito tempo. O transito de veículos pesados agrava ainda mais as condições da pista.
Entraves burocráticos, má conservação, insegurança. As rodovias paraenses são hoje o reflexo mais profundo do abandono.
Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, mais de 70% das rodovias do Pará estão em condição ruim ou péssima. (Fonte: Jornal Floripa)
2 comentários:
Voce ainda não viu nada, venha conhecer a BR 422 no Trecho Tucuruí/Cametá, é uma vergonha, se isso for chamada de Rodovia Federal, não serve nem pra trafego de carroça puxada a boi, isto é só é trafegavel por no maximo 4 meses no restante corta devido as chuvas, é lamentavel e vergonhoso é o único meio de escoamento de toda a produção dos colonos da região, iiso é uma vergonha
Estradas,
Um dos mais fortes argumentos que temos para oferecer aos paraenses do norte/nordeste, esses que ficam às proximidades de Belém, é quanto ao estado das nossas estradas.
1)A PA-150, eixo principal ligando norte/sul, por onde passam nosso ICMS e PIB nem acostamento tem. Como é que podemos ficar unidos assim? Que argumento terão?
2)Interiorização do ensino superior. Isso é uma quimera do povo do norte. Como podemos ficar unidos assim? Sem ensino superior?
3) Lá se vão 20 anos de governo e o estado não inaugurou uma escola do ensino médio na região sudeste. Como ficar unidos assim? Todo ensino médio funciona em escolas municipais. Como ficarmos unidos assim?
Sou funcionário da URE e não posso me identificar. Mas e a saúde, a violência, a energia elétrica no campo, água de boa qualidade,esgotamento sanitário. Cadê? Não dá para ficarmos unidos assim.
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