Pages

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Reflexos do Plebiscito

Com até 99% dos votos no "sim", maioria absoluta dos municípios de Tapajós e Carajás votaram pela criação dos Estados
Carlos Madeiro, Do UOL Notícias, em Maceió

O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Pará divulgou, nesta segunda-feira (12), o relatório final das eleições com a votação de todos os municípios do Estado sobre o plebiscito que rejeitou a divisão em três. Os dados apontam que o clima separatista dividiu as regiões do Estado, que votaram em sua grande maioria conforme orientação de líderes políticos locais.
A apuração dos votos dos 4,8 milhões de eleitores, nas 14.249 seções eleitorais do Estado, foi concluída à 0h40 (horário de Belém). Ao todo, 2.363.561 eleitores (66,6% dos votos válidos) rejeitaram a criação de Carajás, enquanto 1.185.546 (33,4%) votaram em apoio ao Estado. Já sobre Tapajós, 2.344.654 (66,08%) de eleitores disseram “não” e 1.203.574 (33,92%) votaram “sim”.
Ao todo, 25,71% (1.246.646 de eleitores) não compareceram às urnas e têm 60 dias para justificar a ausência. Já os votos brancos e nulos tiveram índices bem menores que em eleições convencionais: 0,41% e 1,05%, respectivamente.
O contraste de votos chama a atenção quando comparados os números por região do Estado. Com exceção de quatro municípios, todos os eleitores das regiões que se emancipariam votaram a favor da divisão, enquanto as cidades do Pará remanescente foram contrárias à divisão.
No Pará remanescente, os quase 3 milhões de eleitores aptos ao voto dos 72 municípios reprovaram a divisão do Estado. Em todos os municípios, a votação teve mais de 70% de favoráveis ao “não”. Na capital, Belém, os eleitores também reprovaram a criação dos dois novos Estados. Enquanto 93,9% foram contra a criação de Tapajós, 94,9% reprovaram o novo Estado de Carajás.
Em Carajás, todos os 39 municípios votaram expressivamente a favor da divisão do Estado. Em Piçara, próximo a Marabá, 99,5% dos votos válidos (6.631) foram a favor à criação de Carajás, enquanto apenas 29 eleitores foram contrários. Outras duas cidades –Brejo Grande do Araguaia e Santa Maria das Barreiras– também tiveram mais de 99% dos votos dos eleitores a favor da divisão do Estado.

Sem investimentos, movimento pela divisão do Pará deve ganhar força
Da Agência Brasil, em Brasília

O cientista político da Universidade Federal do Pará (UFPA) e professor Edir Veiga defendeu hoje (12) que o governo do Estado faça um novo planejamento para as regiões que dariam origem aos Estados do Tapajós e de Carajás. A recomendação foi feita após a realização do plebiscito sobre a divisão do Estado em três, no qual 33,4% apoiaram a iniciativa, mas 66,6% rejeitaram.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, que foi ao ar na manhã de hoje, na Rádio Nacional, o professor disse é “muito maior a responsabilidade” do governo estadual em relação à execução de políticas públicas no Pará devido à discussão causada pela possibilidade de divisão da região.
“O governo vai ter que fazer planejamento integrado, de longo prazo, para demonstrar para essas regiões que não basta o discurso de véspera de eleição ou plebiscito, há de se pensar um governo que busque investir principalmente nessas regiões conflagradas”, disse Veiga.
O professor acrescentou que, caso não haja iniciativas do governo do Pará no sentido de atender às reivindicações da população, superando as diferenças inter-regionais, o movimento pela divisão do Estado se intensificará. Segundo ele, esse movimento pode ganhar força e nas próximas eleições, em 2014, a população apoiar os que defendem a proposta de divisão do Estado.
“A forma de o governo superar esse movimento é demonstrar que vai investir na região, melhorar o aparato de segurança, equipamentos de saúde, infraestrutura, rodovias e sanamento. Se isso não acontecer, o movimento vai continuar forte, porque já data pelo menos da década de 1980.”
Veiga disse ainda que na região do Tapajós, no oeste do Pará, há um movimento de mais de 150 anos em busca da emancipação. “A população se sente abandonada pelo governo do Estado”, disse Veiga. “De R$ 12 bilhões do orçamento do Estado em 2010, foram investidos apenas 5% na região do Tapajós”, acrescentou.
Segundo o professor, a região de Carajás tem um contexto diferente, é autossustentável economicamente, mas também reclama do “esquecimento” por parte do governo do Pará. Na década de 1970, muitos imigrantes chegaram à área e contribuíram para o desenvolvimento local, principalmente na agricultura, pecuária e, atualmente, produção mineral. Muitos municípios recebem royalties da mineradora Vale e contam com uma classe empresarial ativa e um movimento social organizado.

Plebiscito acirra rivalidade entre regiões do Pará
UOL
O plebiscito acabou com a vitória estrondosa do “não”, rejeitando a divisão do Pará, mas o sentimento separatista nas regiões de Tapajós e Carajás não acabou junto com a votação (novos projetos de criação dos Estados vão surgir). Vitoriosos e perdedores sabem disso. Após a derrota, Santarém decretou luto oficial nesta segunda-feira (12). Em Carajás, o autor do projeto de lei que deu origem ao plebiscito diz que fará uma nova proposta divisionista em 2012.
“Belém tem que ser agora muito cuidadosa na relação com Carajás especialmente, porque ela se identifica mais com Tocantins ou Goiás. O governo paraense vai ter que se descentralizar. Isso é evidente”, analisa Roberto Corrêa, professor de ciência política da UFPA (Universidade Federal do Pará).
A mesma opinião é emitida por uma das mais fortes lideranças do separatismo, a prefeita de Santarém, Maria do Carmo, que já foi candidata petista ao governo do Pará.
“Eu não queria estar agora na pele do governador [Simão Jatene, PSDB]. Ele pode querer colocar Carajás e Tapajós de castigo, mas é hora de um chamamento, de um acolhimento da voz emancipatória que essas regiões apontaram. Ele vai ter de descentralizar o governo de qualquer jeito”, afirma a prefeita da principal cidade à beira do rio Tapajós.
O deputado federal Giovanni Queiroz (PDT), o autor do projeto de lei que deu origem ao plebiscito, sobe o tom contra os políticos de Belém, em especial ao governador, e acredita que a derrota causará um "trauma" na população. "
"O Pará já estava dividido em três regiões. Mas hoje politicamente está absolutamente rachado. O governador [Simão Jatene, PSDB], que era apenas para ser um magistrado, entrou de cabeça na campanha. Ele não tem mais como ser acompanhado por ninguém aqui no sul. Ele vá procurar na terra dele, porque aqui ele não terá mais", atacou.
Questionado de como iriam ficar as relações institucionais e dos políticos de Tapajós e Carajás pós-plebiscito, Queiroz voltou a atacar o governo do Estado e foi ainda mais incisivo nas críticas.
"Vai ficar coisa nenhuma. Aqui é radicalização. O governo só sobrevive no sul porque os prefeitos mantém a gasolina para as delegacias, ajudam na Fazenda, na Justiça. Quem mantém o Estado aqui é o prefeito. O governo não repassa há três meses o dinheiro aos municípios. Isso acontece porque é governado por esses que aí estão", afirmou.
O presidente da frente pró-Carajás, o deputado estadual João Salame (PPS), diz que continua na base do governador do Pará, mas com ressalvas por conta do clima criado durante a campanha. “O governador demorou muito para se pronunciar. E a campanha do `não´ criou muita animosidade. Eles nos tratavam como ladrões e forasteiros. Falavam que queriam roubar as riquezas do Pará e que nós nem somos do Estado”, opiniou o parlamentar.
A pacificação do sentimento local, para alguns, não se resolve com o resultado das urnas. “O Estado já está dividido. É uma cisão muito grande que cria um sentimento de discriminação. As duas regiões mostraram que não se sentem parte do Pará. Ou o governo de Belém leva isso em conta ou pode criar um clima de indisciplina civil”, analisa Edivaldo Bernardo, que coordenou a frente pró-Tapajós na cidade de Santarém.
Posição semelhante tem Edinaldo Rodrigues, também um voluntário da causa tapajoara. “Não é xenofobia, mas nossa emancipação já é uma realidade. Por dentro ela existe, e o governo de Belém vai ter de levar isso em conta. O Pará não pode continuar sendo esse latifúndio político.”



2 comentários:

Anônimo disse...

Isso é revoltante. Temos que agir.

O momento é de indisciplina civil e comercial.

Digamos NÃO a Belém. Digamos não aos produtos e às empresas de Belém.

Paremos de comprar produtos fornecidos por empresas de Belém.

Ir a Belém, nem pensar, quando for se necessário, nada gastar ou usufruir.

Digamos NÃO aos políticos do NÃO, Zenaldo Coutinho e Jatene, principalmente.

Diário do Pará e O Liberal, desprezo total.

MOVIMENTO DE INDISCIPLINA CIVIL E COMERCIAL

Anônimo disse...

Porra meu amigo! O Pará, já foi dividido a muito tempo entre o Alih Barbalho e o José Sacaneey. Quando da discução por onde seria escoado o minério de Carajás, o Alih Barbalho disse:''É lógico que por Vila do Conde (Barcarena/Pa)'', o Sacaneey bradou: ''Qual o teu preço? O que tu queres pra eu levar pro Maranhão''? E o secretário de Lúcifer ficou com a tezouraria da VALE até a privatização. Nesta ocazião estava instituido o famigerado covenho PARÁ-MARANHÃO: ''Leva minério e traz mizéria'', arquitetado por esses dois diplomatas do inferno. Me perdoem os maranhenses, entre os quais tenho grandes amigos, não é crítica nem tampouco descriminação, é revolta diante de tanta sacanágem desse dois FdP, dos quais todos nós somos vítimas.

KIABO