No Correio do Tocantins
Lixo nas ruas, entulho pelos cantos, mato crescendo por todos lados, esgoto praticamente a céu aberto, lama e buraco. O cenário é típico da periferia de uma grande metrópole. “Bem-vindo ao Bairro São Félix”, convida Maria dos Remédios Fernandes de Oliveira, moradora há 15 anos daquele núcleo populacional, ressalvando que os problemas da comunidade saltam aos olhos e são sentidos até pelas crianças. Segundo a popular, que reside na Rua São José, os problemas na área de infraestrutura urbana são crônicos e se agravam ainda mais com a chegada do inverno. “Parece que não têm cura, não têm solução”, lamenta Dos Remédios.
A problemática de que se queixam ela e outros populares ouvidos pela Reportagem deste CORREIO diz respeito às carências na área de saneamento básico. De acordo com os moradores, faltam água encanada, drenagem, esgotamento sanitário, coleta regular de lixo, limpeza urbana, pavimentação asfáltica.
Atualmente com 11.605 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o núcleo São Félix é o retrato diminuto de uma cidade onde, de 48.704 domicílios urbanos, apenas 18,8% têm saneamento adequado. Algumas ruas estão se tornando motivo de insatisfação, por conta de lixo acumulado e do mato crescente, que segundo os moradores atraem insetos e animais peçonhentos.
“A prefeitura prometeu arrumar aqui, mas nada fez até o momento. O mato está tomando conta de tudo e a chuva, acabando com as ruas”, reclama Maria dos Remédios, dizendo que a coleta de lixo é feita “de vez em quando” e que não providenciam para as ruas a limpeza que lhes é devida. “Nós estamos largados, estamos a deus-dará”, enfatiza, pedindo que a administração municipal “olhe para o povo do São Félix”. “Está todo mundo decepcionado com o governo devido a esse tipo de situação”, acentua.
LATA D’ÁGUA NA CABEÇA
Parece uma incoerência, já que Marabá se situa numa das maiores bacias hidrográficas do país, a Araguaia-Tocantins, mas falta água encanada na sede do município, cujo solo foi presenteado pela natureza com dois importantes cursos d’água do sudeste paraense, os rios Tocantins e o Itacaiúnas.
Do total de residências da cidade, 23.401 são abastecidas por rede geral, mas a grande maioria da população, se quis ter o líquido precioso em casa, teve de cavar poço ao longo da história para usá-lo nas atividades cotidianas. Ao todo, 31.727 residências são abastecidas por poços. Uma delas é a casa de Diego Sousa Matos, que mora há dez anos no São Félix, na Rua Tiradentes.
A incoerência da relação entre abastecimento e falta de água nas casas se mostra mais latente na vida da família dele, que mora praticamente debaixo da caixa d’água, a qual atende a poucos populares do núcleo. Diego, contudo, diz não ver uma gota de água saída daquela subestação cair da torneira de casa. “Se fôssemos depender da água dessa caixa, não teríamos como viver. Foi o jeito cavar um poço em casa”, conta o rapaz, informando que a água da caixa não é “confiável” porque, segundo ele, pombos fizeram morada no local devido ao abandono da subestação.
“Na minha rua, ninguém usa água dessa caixa. Aliás, nem sei se existe morador do São Félix que utilize essa água, seja para consumo, seja para qualquer outra finalidade”, nota.
Mas usa, sim. De acordo com a agente de segurança patrimonial Magnólia de Sousa, que passa o dia tomando conta da quase “abandonada” caixa d’água, de 20 a 30 pessoas do núcleo São Félix dependem exclusivamente dessa água. “Realmente a caixa não dá para abastecer todo mundo”, confirma, sem saber, contudo, qual o volume suportado pela subestação.
Questionada sobre a qualidade duvidosa do líquido precioso e sobre o recanto dos pombos no local, ela brinca: “A água deve ser boa. E quanto aos pombos, é até um número pequeno”.
Não é demais lembrar que, segundo especialistas em Zoologia, um pombinho só, desses de cidade, com toda sua aparência angelical, pode causar doenças infecciosas, como a salmonelose, além de micoses e dermatites. Além disso, é sabido que o pombo comum contamina água e grãos, além de entupir calhas e causar danos a patrimônios públicos, devido à acidez de suas fezes.
Com relação ao abastecimento na Rua Tiradentes, quem não tem poço por lá tem de pegar água na cabeça, diretamente do Rio Tocantins, a 500 metros daquela via. Em Marabá, segundo o IBGE, 469 famílias abastecem seus lares dessa maneira, com lata d’água na cabeça, em pleno Século 21.
TRANSTORNOS NA PORTA
Não bastasse reclamar do lixo, o morador Luís Santana de Carvalho, morador da Rua São Marcos, recebeu um presente de grego bem na frente de sua casa. “Construíram um bueiro, muito do mal feito, deram a obra como encerrada e, agora, isso está para derrubar minha casa”, indigna-se o morador, complementando que a vala aberta há dois meses faz com que o lixo se ajunte na porta de sua casa e água se empoce, sem ter poder escoar. “A gente só continua morando aqui porque não tem para onde ir, mas a situação está demais. Abriram o buraco sem dar condições de escoamento para a água”.
Ele ressalta que problemas dessa natureza existem porque não foram feitas obras de drenagem na rua nem esgotamento sanitário para que as águas da chuva e do esgoto doméstico recebessem o devido fim. E a falta de esgotamento é realidade de toda a cidade, uma vez que apenas 3.479 domicílios dos quase 50 mil são ligados à rede geral. A grande maioria, 25.246 casas, usa fossa rudimentar, enquanto 15.504 domicílios têm fossa séptica e outros 2.966, valas.
Procurada na tarde de ontem, segunda-feira (16), por telefone, pela Redação do CORREIO, para comentar as queixas dos populares e dizer quais providências estão sendo tomadas na área do saneamento básico no Bairro São Félix, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Marabá prometeu fazer levantamento da situação e dar retorno ainda ontem, o que não aconteceu até o fechamento desta edição. (Reportagem: Josseli Carvalho/ Texto: André Santos)
A problemática de que se queixam ela e outros populares ouvidos pela Reportagem deste CORREIO diz respeito às carências na área de saneamento básico. De acordo com os moradores, faltam água encanada, drenagem, esgotamento sanitário, coleta regular de lixo, limpeza urbana, pavimentação asfáltica.
Atualmente com 11.605 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o núcleo São Félix é o retrato diminuto de uma cidade onde, de 48.704 domicílios urbanos, apenas 18,8% têm saneamento adequado. Algumas ruas estão se tornando motivo de insatisfação, por conta de lixo acumulado e do mato crescente, que segundo os moradores atraem insetos e animais peçonhentos.
“A prefeitura prometeu arrumar aqui, mas nada fez até o momento. O mato está tomando conta de tudo e a chuva, acabando com as ruas”, reclama Maria dos Remédios, dizendo que a coleta de lixo é feita “de vez em quando” e que não providenciam para as ruas a limpeza que lhes é devida. “Nós estamos largados, estamos a deus-dará”, enfatiza, pedindo que a administração municipal “olhe para o povo do São Félix”. “Está todo mundo decepcionado com o governo devido a esse tipo de situação”, acentua.
LATA D’ÁGUA NA CABEÇA
Parece uma incoerência, já que Marabá se situa numa das maiores bacias hidrográficas do país, a Araguaia-Tocantins, mas falta água encanada na sede do município, cujo solo foi presenteado pela natureza com dois importantes cursos d’água do sudeste paraense, os rios Tocantins e o Itacaiúnas.
Do total de residências da cidade, 23.401 são abastecidas por rede geral, mas a grande maioria da população, se quis ter o líquido precioso em casa, teve de cavar poço ao longo da história para usá-lo nas atividades cotidianas. Ao todo, 31.727 residências são abastecidas por poços. Uma delas é a casa de Diego Sousa Matos, que mora há dez anos no São Félix, na Rua Tiradentes.
A incoerência da relação entre abastecimento e falta de água nas casas se mostra mais latente na vida da família dele, que mora praticamente debaixo da caixa d’água, a qual atende a poucos populares do núcleo. Diego, contudo, diz não ver uma gota de água saída daquela subestação cair da torneira de casa. “Se fôssemos depender da água dessa caixa, não teríamos como viver. Foi o jeito cavar um poço em casa”, conta o rapaz, informando que a água da caixa não é “confiável” porque, segundo ele, pombos fizeram morada no local devido ao abandono da subestação.
“Na minha rua, ninguém usa água dessa caixa. Aliás, nem sei se existe morador do São Félix que utilize essa água, seja para consumo, seja para qualquer outra finalidade”, nota.
Mas usa, sim. De acordo com a agente de segurança patrimonial Magnólia de Sousa, que passa o dia tomando conta da quase “abandonada” caixa d’água, de 20 a 30 pessoas do núcleo São Félix dependem exclusivamente dessa água. “Realmente a caixa não dá para abastecer todo mundo”, confirma, sem saber, contudo, qual o volume suportado pela subestação.
Questionada sobre a qualidade duvidosa do líquido precioso e sobre o recanto dos pombos no local, ela brinca: “A água deve ser boa. E quanto aos pombos, é até um número pequeno”.
Não é demais lembrar que, segundo especialistas em Zoologia, um pombinho só, desses de cidade, com toda sua aparência angelical, pode causar doenças infecciosas, como a salmonelose, além de micoses e dermatites. Além disso, é sabido que o pombo comum contamina água e grãos, além de entupir calhas e causar danos a patrimônios públicos, devido à acidez de suas fezes.
Com relação ao abastecimento na Rua Tiradentes, quem não tem poço por lá tem de pegar água na cabeça, diretamente do Rio Tocantins, a 500 metros daquela via. Em Marabá, segundo o IBGE, 469 famílias abastecem seus lares dessa maneira, com lata d’água na cabeça, em pleno Século 21.
TRANSTORNOS NA PORTA
Não bastasse reclamar do lixo, o morador Luís Santana de Carvalho, morador da Rua São Marcos, recebeu um presente de grego bem na frente de sua casa. “Construíram um bueiro, muito do mal feito, deram a obra como encerrada e, agora, isso está para derrubar minha casa”, indigna-se o morador, complementando que a vala aberta há dois meses faz com que o lixo se ajunte na porta de sua casa e água se empoce, sem ter poder escoar. “A gente só continua morando aqui porque não tem para onde ir, mas a situação está demais. Abriram o buraco sem dar condições de escoamento para a água”.
Ele ressalta que problemas dessa natureza existem porque não foram feitas obras de drenagem na rua nem esgotamento sanitário para que as águas da chuva e do esgoto doméstico recebessem o devido fim. E a falta de esgotamento é realidade de toda a cidade, uma vez que apenas 3.479 domicílios dos quase 50 mil são ligados à rede geral. A grande maioria, 25.246 casas, usa fossa rudimentar, enquanto 15.504 domicílios têm fossa séptica e outros 2.966, valas.
Procurada na tarde de ontem, segunda-feira (16), por telefone, pela Redação do CORREIO, para comentar as queixas dos populares e dizer quais providências estão sendo tomadas na área do saneamento básico no Bairro São Félix, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Marabá prometeu fazer levantamento da situação e dar retorno ainda ontem, o que não aconteceu até o fechamento desta edição. (Reportagem: Josseli Carvalho/ Texto: André Santos)
4 comentários:
Concordo com vc na maioria das criticas contra o prefeito, mais vc mostra nessa fotos varios bancos quebrados, e sujeira por todo lado,agora vc culpar o prefeito pelo vandalismo de um povo desoculpado, ai não, tó cansado de ver o povo jogando a sujeira na rua isso e falta de educação o nosso povo aqui de Marabá em especial, não assiste programa educativo, prefere assistir o Chaves do SBT
E esse cara ainda vai ter a coragem de se candidatar de novo, é brincadeira.
Dizem que cada um tem o que merece, eu insisto em acreditar que Marabá não merece uma administração tão desprezível.
Deplorável,
O grande Maulino trapalhães, desculpa usar o jargão dos colegas, mas é que ele vai dar a mior festa de aniversário a céu aberto bem ali pertinho desta praça. O pessoal da leão leão tava lavando a rua e adivinhem o aniversário é do pai dele, é mole uma coisa dessa????
Doidão de ódio...
Caro jornalista Ademir Braz.
Lamentavelmente Marabá é uma cidade sem gerente onde cada um faz o que bem quer, desde que consiga lucros com isso.Os espaços públicos são ocupados pelas mesas, cadeiras e tabuleiros dos comerciantes, sem que paguem pela utilização do bem comum em proveito próprio.As motocicletas ocupam todos os espaços de estacionamento sem que o DMTU faça algo para que cumpram a sinalização existente (em frente a CEF na V.Marabá deveriam ser apenas 10 motos e temos quase uma centena).Os idosos e portadores de necessidades especiais não conseguem usar os poucos locais a eles reservados para estacionar pois sempre há algum sem caráter que os usa, sem ser punido por isso.Os lavadores de carros e flanelinhas fazem e desfazem a seu bel prazer.A população fica refém deste descalabro administrativo.Que fazer?Queixar-se ao Bento XVI?
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