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domingo, 9 de setembro de 2012

O Armagedon é aqui mesmo

06/09/2012
 Falta material hospitalar e sobra muito lixo no Materno
 
Profissionais da saúde que atuam no HMI (Hospital Municipal de Marabá) estão em maus lençóis por conta da falta de material hospitalar básico de trabalho. Na última terça-feira (4), médicos daquela casa de saúde contataram o CORREIO DO TOCANTINS para denunciar a escassez dos itens que são imprescindíveis para atendimento de urgência e emergência das pacientes.

Os materiais que estão faltando no hospital vão da mais simples à mais alta complexidade. Um médico, que pediu para ter sua identidade reservada, revelou à Reportagem que estão faltando os principais soros, fios de sutura e agulha para anestesia entre outros itens importantes.
“Não há álcool para fazer a antissepsia (bactericida) das salas de cirurgia que utilizamos, nem agulha para fazer a raquianestesia. Se chegar alguma paciente aqui faltarão alguns itens que são fundamentais para fazermos o atendimento”, disse o médico acrescentando que se torna difícil proceder numa situação como essa.

“Para você ter uma ideia, às vezes não temos os panos que são esterilizados para cobrirmos a paciente na hora da cirurgia; outras vezes até roupa de circulação no centro cirúrgico falta”, desabafa o profissional da saúde.

Segundo o médico, trata-se de uma situação crônica, que está acontecendo há pelo menos 40 dias. “Só que sempre está tendo um sistema tapa-buracos. A gente vai tentando se virar da maneira que pode para dar um bom atendimento às pessoas que vêm ao hospital”, garante ele.
O médico disse que a situação já foi comunicada há mais de quatro meses para a Secretaria Municipal de Saúde, Ministério Público Estadual, Conselho Regional de Medicina (CRM), além de ter sido feito registro de Boletim de Ocorrência Policial.  “Em alguns momentos não sabemos mais o que fazer, está insustentável. A população não tem noção disso, acha que não estão sendo bem atendida”, desabafa.

ITENS
Na lista de materiais que estão faltando no HMI estão: agulha para raquianestesia, álcool 70%, amniótomo, clorexidina, coletor, macrogotas, vicryl 1.0, fio simples 0, 1.0, 2.0, nylon 3.0, gelco 18 e 20, multivia, sabonete líquido, seringa de 1 ml, soros fisiológico 0,9%, 50 ml e 250 ml, glicosado 5%, glicofisiológico, esparadrapo, cromado 1,0 e cateter tipo óculos adulto.

Aproveitando a presença da Reportagem, o médico denunciou também que o lixo biológico do HMI, "altamente infectante", não é recolhido desde o último dia 27 pela empresa terceirizada pela prefeitura. Diante disso, pacientes correm risco de infecção pelo fato do material ficar depositado.

“A vizinhança reclama do odor. É algo muito inconveniente, gatos e ratos acabam comendo as placentas. Lidamos com muito sangue, fica complicado”, denuncia o médico.
No HMI existe apenas um aparelho cardiotocógrafo, que é fundamental para observação do bem estar fetal, onde, segundo o médico, deveriam ter pelo menos dez. Por ser única a máquina, se encontra desgastada. “Não temos ultrassom no final de semana, a prefeitura não está pagando os médicos para esse trabalho”, complementa ele, explicando que a escala no plantão na casa de saúde é apertada, com dez médicos se revezando.

DIREÇÃO
Sobre as reclamações, o diretor administrativo do HMI, Francisco de Assis Alves, disse que o objetivo da maternidade é tratar bem as pacientes com os recursos dos equipamentos em dia. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde não tem atendido a contento a reposição dos insumos.

“Trabalhamos com planejamento para, pelo menos, 15 dias, além de enviar à prefeitura um relatório semestral para que façam as grandes licitações”, explica o diretor.
A respeito dos itens que estavam faltando no almoxarifado do hospital, ele afirmou que na tarde de terça-feira foram providenciados os materiais com recursos do suprimento de fundo da maternidade. “Quando acontecem situações como essa, conseguimos emprestado de outros hospitais os insumos, trocamos, recebemos doações ou adquirimos por conta própria”, disse Francisco. Ele ressaltou, porém, que o estoque é o suficiente para somente três ou quatro dias.

No tocante ao acúmulo de lixo biológico, o diretor confirma o descaso e acrescenta que a coleta não está acontecendo por conta da prefeitura estar em débito com a empresa responsável pelo serviço. "Já notificamos a prefeitura, a Sevop determinou que coleta fosse feita pela Leão Ambiental, mas ela se negou a recolher o lixo, alegando que não está sendo paga para isso", comenta Francisco.

Sobre o aparelho cardiotocógrafo, o diretor disse não concordar com a reclamação do médico. Segundo ele, apesar de ser insuficiente, o aparelho está funcionando normalmente. (Emilly Coelho, CORREIO DO TOCANTINS)

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