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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

SINTEPP denuncia aparelhamento do Estado


Blog do Barata
Alberto Andrade, um dos alvos das denúncias feitas ao Ministério Público...
...que também atingem o vereador de Belém Fernando Carneiro, do PSol.
Com um total estimado de cerca de 22 mil associados e uma receita anual calculada em R$ 12 milhões, o Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará, está no epicentro de graves suspeitas de malversação de seus recursos financeiros e do seu patrimônio pela atual diretoria da entidade, em desvios que, se confirmados, resvalam para a corrupção pura e simples. O estopim do escândalo é uma representação anônima, feita ao MPE, Ministério Público do Estado do Pará, elencando um vasto repertório de denúncias de corrupção, supostamente ocorridas na esteira do alegado aparelhamento do sindicato pela APS, Ação Popular Socialista, uma tendência do PSol, o Partido Socialismo e Liberdade, na qual pontifica o vereador de Belém Fernando Carneiro. A diretoria do Sintepp rebateu parcialmente as denúncias em alegações encaminhadas ao MPE, prontamente rebatidas.

O elenco de denúncias abrigado na representação anônima é devastador e comprometem visceralmente Conceição Holanda, tesoureira do Sintepp. Ele inclui de suspeitas de prestações de contas obscuras até concessão de empréstimos valendo-se de recursos sindicais, ao arrepio da lei, passando por pagamentos indevidos a diretor da entidade, incluindo Alberto Andrade, o Beto Andrade, vice-diretor geral. As denúncias ainda incluem despesas não devidamente esclarecidas com consumo de combustível; utilização de veículos do sindicato em locais inadequados e em períodos injustificáveis; custeios de diárias, hospedagem e alimentação não suficientemente justificados; financiamento de campanha eleitoral do PSol, beneficiando a campanha a deputado estadual do vereador de Belém Fernando Carneiro. As denúncias ainda mencionam o uso indevido do espaço físico do Sintepp para fins político-partidários; relações absolutamente informais com prestadores de serviço, propícias a mascarar desvio de recursos; pagamento de diárias de hotel, de nomes estranhos ao sindicato, em período que coincide com a eleição de nova diretoria.

SINTEPP – O temor de represálias

Na representação encaminhada ao MPE é sublinhado que as denúncias são de responsabilidade de “um expressivo grupo de professores, filiados e pertencentes à base da categoria profissional, que insatisfeitos e duvidosos quanto a condução administrativa do Sintepp recorreram ao guardião da lei e da moralidade”. Ao justificar os motivos do anonimato, o “expressivo grupo de professores” é contundente, atendo-se a constrangedores episódios policiais protagonizados pelo diretor geral do sindicato, Geraldo Mateus Ferreira, e pela tesoureira, Conceição Holanda, como ilustrativos do “modus operandi dos diretores do Sintepp quando contrariados ou questionados”. “Temendo, consequentemente, represálias que podem acarretar em atentados as nossas integridades físicas e de familiares, preferimos o anonimato”, fulminam os autores ocultos da representação. Segundo registros de BOs, boletins de ocorrência, Mateus Ferreira ameaçou por telefone um ex-funcionário do Sintepp e Conceição Holanda agrediu um funcionário do sindicato.

Em off, para não ferir a suscetibilidade de colegas eventualmente envolvidos no contencioso, três advogados ouvidos pelo Blog do Barata convergem para conclusões similares. “A representação está bem fundamentada”, opina um dos advogados, endossado pelos demais. “Algumas das denúncias são factíveis, não são acusações vagas, enquanto outras dependem de investigações que o Ministério Público pode implementar”, avalia outro, avalizado pelos colegas ouvidos. “A representação é trabalho de profissional qualificado; como evidencia a argumentação exposta para defender, com inegável fundamentação, a competência do Tribunal de Justiça para julgar o contencioso”, reforça um terceiro advogado, corroborado pelos dois outros colegas. Os três advogados, também em off, entendem que eventuais lacunas da representação foram satisfatoriamente supridas no documento no qual os denunciantes rebatem as alegações da assessoria jurídica do Sintepp.

SINTEPP – Diretores sob suspeita

A representação, a priori, tisna a imagem de dirigentes do Sintepp, ao associá-los ao aparelhamento do sindicato de que é acusada a atual diretoria, com o agravante da suspeita vde que possam ter coonestado, por atos ou omissões, graves ilícitos. São citados nominalmente, como militantes do PSol, Mateus Ferreira (diretor geral), Beto Andrade (vice-diretor geral), Conceição Holanda (tesoureira), Mauro Borges (diretor de. Secretaria), Maurilo Estumano (diretor de Assuntos. Jurídicos), José Alacid (diretor de Funcionários), Williams Silva (diretor de Comunicação), Ronaldo Rocha (diretor de Saúde do Trabalhador) e Edilena Pena (Conselho Fiscal).

Em seu desdobramento, a representação observa que a filiação partidária, por si só, não depõe, em tese, contra nenhum dirigente sindical. Mas, aí, faz a ressalva demolidora: ”Contudo, sabemos que nem tudo o que é legal implica em ser justo. Deixando sérias dúvidas e questionamentos quanto ao grau de isenção nas ações administrativas desses diretores, pois exemplos a nível nacional não nos faltam de partidários que usam do governo para benefício de suas agremiações políticas (caso Petrobrás, Mensalão, Simens - Metrô de São Paulo, etc). Logo, tem a vida nos revelado que é tentadora a relação poder institucional concomitante a ligação partidária o que quase sempre leva a desvios de condutas, interesses, objetivos e até a imposição de certo ideologismo”.

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