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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Laqueaduras Os ministros do Supremo ainda não decidiram se aceitam ou não a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), por crimes de compra de votos, formação de quadrilha, estelionato e realização de esterilização em desacordo com a lei. O inquérito nº. 2197 investiga a suposta aquisição de votos em troca de laqueadura (cirurgia para impedir gravidez), quando o deputado concorria, em 2004, à prefeitura de Marabá. O MPF parte do depoimento de 13 mulheres que fizeram laqueadura no Hospital Santa Terezinha entre janeiro e março de 2004. Segundo a denúncia, elas foram encaminhadas para a cirurgia por meio do escritório do PMDB Mulher da cidade, em troca de apoio ao deputado. Elas não teriam passado pelos procedimentos pré-cirúrgicos para comprovar a necessidade da operação. O hospital não tinha autorização para realizar a laqueadura pelo SUS. Em entrevista ao site G1, de São Paulo, Asdrúbal Bentes se defendeu das acusações: “Os fatos denunciados teriam ocorrido no período de janeiro, fevereiro e março. Isso foi antes do período de registro das candidaturas, que é em julho. A pessoa só é candidata depois da convenção, que ainda não havia ocorrido”, disse. Questionado se não era, de fato, pré-candidato naquele momento, respondeu: “Nesse caso, ninguém pode fazer nada porque todo mundo sempre é pré-candidato. O camarada que é deputado já é pré-candidato à reeleição para os próximos quatro anos”. Asdrúbal também afirma que não há provas de abordagem direta dele às eleitoras, o que seria necessário para a configuração de crime eleitoral. Em alguns depoimentos, as mulheres que passaram pela laqueadura disseram que receberam orientações de outras pessoas para que votassem nele. Outro ponto questionado pelo parlamentar é sobre o encaminhamento das eleitoras ao hospital. Segundo ele, o PMDB Mulher desempenhava a “função social” de encaminhar pessoas para consultas em hospitais particulares, sem que houvesse recomendação de cirurgia. “Nenhum pedido de consultas dizia expressamente para fazer laqueadura. Se o médico achou, depois da consulta, que tinha que fazer a laqueadura, aí já é responsabilidade do médico”, defendeu-se.

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