O luar trouxe, de repente, o verão.
Toda a noite a lua anunciou no céu
a festa e a colheita do sol
desses dias de lâminas e luz,
fungos, signos e caracóis .
Na manhã da terceira manhã,
o vento ergueu da estrada à nuvem
um plástico que, leve, desfez-se no ar.
Levou-o adiante o anjo solar,
em litania aos deuses,
por esse tempo de enxugar o riso,
de pôr à janela os encardidos vasos,
e semear a luz na lona escura
que desprotege inválidos e alagados.
(Ademir Braz)
2 comentários:
Belo!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bjs,
Cris Moreno
“Toda a noite a lua anunciou no céu a festa e a colheita do sol”.
Com a musicalidade desses versos projetando imagens de um universo puro do verão de nossas paragens mesopotâmicas, eu te vejo Caetano.
(“E vamos embolar ladeira abaixo, acho que a chuva ajuda a gente a se ver/ Venha veja deixa beija seja o que deus quiser”.)
Único dos poetas-pretéritos-e-perfeitos a nos embalar, aqui, nesses tempos "de enxugar o riso, de pôr à janela os encardidos vasos, e semear a luz na lona escura que desprotege inválidos e alagados”.
Bem que valeria um copo de cerveja, te saudando.
Pronto. Meu domingo está salvo.
Abraços, poeta.
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