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quinta-feira, 5 de julho de 2007

Django

A pretexto de apoiar o projeto Serra Leste, Sebastião Curió reuniu-se com representantes da Vale do Rio Doce no garimpo de Serra Pelada, onde a mineradora é vista historicamente com a mais extrema desconfiança. Em seu discurso pró-Vale, a certa altura o prefeito de Curionópolis empolgou-se e desabafou: “Até hoje, com mais de 27 anos que defendo e trabalho em Serra Pelada, eu jamais disse uma mentira aos garimpeiros!” “O estrondar das vaias, cabôco, quase faz um terremoto no garimpo. Até o lagão tremeu!”, comentava esta semana um garimpeiro numa rodada na Cidade Nova. “O Curió chorou, cabôco, de dar dó. Eu não sei se de raiva ou de decepção.” Mas, prossegue o narrador, vai que findo o encontro o prefeito saiu de carro, foi à sua casa, não demorou muito e voltou com sua arma inseparável, uma Glock 45, importada, de uso privativo das Forças Armadas, e postou-se no Bar do Léo, bem à frente da sede da Coomigasp. Pagou uma rodada de guaraná e soltou os cachorros: “Se tiver homem aqui, que apareça!” Furioso, transtornado, diz o garimpeiro que Curió “parecia um leão enfurecido, velho e decadente, mas o mesmo arrogante de toda a vida”, chamando qualquer um pro pau. “Ele andou desafiante mais de 500 metros da rua principal do garimpo e dava até pra ouvir aquelas trilhas sonoras dos bang-bangs italianos. Só faltou o zunido das balas, né?” E a população? “Bem, aí não apareceu ninguém, que ninguém é doido. Preferimos ficar rindo por detrás das portas...”

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