Visto da Praça do Pescador, é como se o Tocantins
acabasse logo ali, depois da praia, num lago imenso
e tranqüilo ilhado em verde e nada mais houvesse,
por trás das nuvens e do pôr-do-sol,
senão os limites do tempo e da eternidade.
À direita, nos rumos de onde amanhece,
o rio também parece deter-se na cerca viva do verde
e na escuma do ar e do céu, onde, em certos dias,
aviões aparecem e desaparecem tão repentinamente
vindos do nada que é como se fossem pássaros mágicos
a entrar e sair da cartola invisível de Deus.
Por essas coisas, há quem diga ser esta terra
um fim em si mesma, lugar de viver
e morrer e de ficar, mesmo depois da morte,
retido no ouro fino da luz,
na seda de sussurros de águas e barcos,
entre pássaros e sombras, cheiro de frutas e peixe,
a recordar a infância, os amigos e vizinhos deixados para trás,
e que de repente acenam e sorriem de uma dobra da memória
antes de se desterrarem outra vez.
No limiar da praia, a tarde cai.
Cai a tarde no limiar da praia.
No banco da praça, entre o rio e as nuvens, ocorre-me
a instintiva compreensão de todas as possibilidades.
Um comentário:
Fantástica. Suas fotos têm nos mostrado uma Marabá suave, romântica, calma e ao mesmo tempo irradiante, atraente... Diferente dos quadros pintados pela violência vivida (como bem colocou o Roberto).
É a imagem que deve ser divulgada.
Continue nos agraciando com seus brilhantes trabalhos.
Marcones José.
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