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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Camponeses querem unidade na luta

Proposta por organizações do Pará, Maranhão e Tocantins, reunidas na Via Campesina e outros fóruns de debates da região, diversas assembléias dos movimentos sociais da Amazônia estão sendo articuladas para o início do ano que vem. Segundo Charles Trocate, uma das lideranças do MST, “a Assembléia dos Movimentos Sociais da Amazônia é a forma que encontramos para criar unidade de análise, de lutas e de princípios, e que, embora distantes geograficamente, possamos organizar um sentido unitário de lutas na região.” Leia, a seguir, o inteiro teor da convocatória: Estimados Companheiros e Companheiras. A carta circular que escrevemos a vocês é fruto de uma reflexão coletiva de um conjunto de organizações que hoje compõem a Via Campesina Pará, Tocantins e Maranhão. Escrevemos para juntos propormos um espaço de debate e reflexão mais amplo do que esse por nós vivenciado nesse último período que é a construção da Via Campesina no Pará, Maranhão e Tocantins. Estamos avançando na compreensão dos desafios e no estímulo organizativo que as lutas devem ter, como forma de politizar a questão da Amazônia e os desafios atuais a serem enfrentados por cada organização. Sobretudo queremos sugeri uma metodologia de trabalho organizativo para o ano de 2.008 como um esforço conjunto para a realização da ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA AMAZÔNIA. Um espaço de debate e deliberação que extrapole o que já estamos construindo em nossos estados e em nossas organizações. Que seja um espaço da diversidade Amazônica, político, étnico e cultural, mais seja também um espaço da construção da unidade e da formulação das lutas. A rigor, o inimigo é único em todas as partes, possui diversas características mais o projeto de dominação é o mesmo. O nosso entendimento é que as Assembléias ajudarão a compreender os dilemas enfrentados na organização da luta dos trabalhadores frente aos inimigos centrais que hoje atuam deliberadamente no esmagamento dos interesses dos trabalhadores e da biodiversidade da região. Estão se tornando hegemônicas políticas e práticas de saque pelos governos e pela força brutal do capitalismo selvagem e imperialista em marcha na Amazônia. Como também as Assembléias ampliarão através do debate e reflexão o sentido da luta nesse momento conjuntural, que estimule uma ofensiva por nós debatida e organizada em todos os níveis. A luta da terra, da água, da floresta e da sociedade em geral. Certamente um segundo elemento que nos alertou para essa possibilidade é a realização do Fórum Social Mundial e a Realização do Fórum Social Pan Amazônico em Belém do Pará em janeiro de 2.009, daí, nossa preocupação de nos mobilizarmos para construirmos uma linha de enfrentamentos, hoje ignorados por amplos setores da sociedade. Temos como preferência reunir diversas organizações, Fóruns específicos, localizados ou não. Dirigentes, intelectuais militantes homens e mulheres e etc... que pautam suas lutas e tarefas no enfrentamento concreto, diário, ao modelo dos grandes projetos e do capital imperialista na região. O esforço que iremos fazer é impulsionar um espaço para aprofundarmos a análise política e a construção da estratégia e táticas coletivas. Esse espaço estamos chamando, de Assembléia dos Movimentos Sociais da Amazônia para irmos acumulando para além do Fórum Social Mundial que ocorrerá em 2.009 na nossa região. . 1. ENTEDIMENTOS IMEDIATOS O nosso cuidado primeiramente foi de formular uma linha de raciocínio, em que pudéssemos responder duas perguntas fundamentais: o que é a Amazônia para os Amazônidas? E que tarefas políticas devem desenvolver de forma permanente, a sociedade e os movimentos sociais da Amazônia? Dessas perguntas e outras tantas questões colocadas pelo padrão da luta política nessa região nos ajudarão a formular os desafios mais imediatos. A necessidade de construirmos um projeto de análise coletiva, do que somos e representamos; Onde estamos e quais são os bloqueios políticos que nos impedem de avançar na formulação teórica e construção de táticas de lutas que responda o atual nível de enfrentamento político e jurídico na região. Em síntese, formulamos essas questões como ponto de partida: 1. Toda luta política na Amazônia, independentemente da nossa vontade se transformará numa luta antiimperialista, o modelo de desenvolvimento agrário, mineral exportador hegemonizado pelo grande capital não permitirá o avanço de outra pauta, de um outro modelo de desenvolvimento econômico político e social. 2. As diversas frentes desse modelo, a pecuária, a soja, a madeira, o mineral, siderurgica e hidro-negócio estão impondo um novo comportamento jurídico sobre a região. Alimentam a idéia que são a direção moral política e intelectual desse novo ciclo econômico da Amazônia. 3. Que parte significativa da sociedade amazônida está cooptada e embrutecida por esse novo ciclo de desenvolvimento. Imobilizada por não portar uma visão utópica de si mesma, alienada do que poderia ser. 4. E por último em marcos mais gerais é que o campesinato, entendendo suas diversas vertentes, indígena, Quilombola, Ribeirinha e etc foram rebaixados da luta política, pelo excessivo grau de violência que sofreram. Ou porque suas organizações, suas táticas de lutas foram alcançadas pelo estado ou porque se retiram do conflito opcionado, ou não. Os camponeses na sua ação política cotidiana construíram com esforço e desprendimento enorme, suas organizações sindicais, suas federações e etc, assistiram nesse ultimo período essas organizações passarem da negação do inimigo ao consentimento do inimigo. A natureza institucional que essas organizações foram assumindo, de luta coorporativa e economicista, freou o projeto político emancipador, deixando-os órfãos no terreno do enfrentamento. Isso fez com que a burguesia agrária dessa região aliada ao capital impusessem-lhes sucessivas derrotas, rebaixando-os da centralidade da luta política da Amazônia. 2. ENTEDIMENTOS EM CURTO PRAZO Nessa perspectiva a análise que estamos formulando é que a nossa tarefa principal nesse novo período histórico é formar um novo bloco histórico de organizações camponesas na Amazônia. Um novo bloco histórico pressupõe a organização de três questões: a) Unidade de analise histórica e conjuntural; b) Unidade nas linhas políticas e de ação; c) principio de ação – que toda a luta produza conquistas econômicas culturais e sociais, que produza organização da classe trabalhadora e acumulo de força política para o projeto de sociedade que queremos construir. Porém, não se trata de travar lutas ideológicas e metodológicas com outras organizações camponesas indígenas e Quilombolas e Ribeirinhos, partimos do principio que é necessário fugir a esse preceito, porque estamos em um vasto território geográfico e político e que estamos fundamentado uma tática e uma estratégica já negada por determinados grupos e organizações. Pra que serve um novo bloco histórico? Para disputar a centralidade da política, com lutas e uma nova concepção de desenvolvimento político econômico e social na nossa região. O outro bloco histórico formado anteriormente e que hegemonizou a luta camponesa nessa região não tem mais disponibilidade para continuar o processo. Acham inclusive que já cumpriram sua missão histórica. O novo bloco histórico que se propõe, tem a tarefa de estimular uma analise política e histórica da nossa região e inaugurar novas formas de lutas. O esforço de gerirmos a construção desse espaço de debates e encaminhamentos que é a Assembléia dos Movimentos Sociais da Amazônia vem da clareza de que não podemos avançar sozinhos e mais do que em outros momentos as condições estão dadas. Percebe-se a disponibilidade das organizações e seus dirigentes, a clareza do nível de enfrentamento, por fim o momento histórico conjuntural que estamos vivendo. 3. METODOLOGIA DA ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA AMAZONIA. Olhando nossa região, a Amazônia Brasileira, percebemos as distancias que possuímos mais claramente, por isso estamos estimulando um calendário de reuniões primeiramente regionais e depois uma data para realização da grande assembléia. As reuniões regionais têm a tarefa de estimular reflexões e encaminhamentos políticos. Por isso construirmos os seguintes objetivos e aprofundamentos dos desafios; Objetivos: a) Cada Assembléia regional tem que ser Massiva (entorno de 300 participantes) b) Representativa das organizações das diversas regiões. c) Que estimule a análise política e encaminhamentos concretos das lutas. Desafios: d) O desafio da territorialização das organizações. e) O desafio da organicidade das organizações, das novas formas de lutas. f) O desafio da formação de quadros, dirigentes e militantes, para fazer avançar a luta política. g) O desafio das lutas em defesa da Amazônia por um outro modelo de desenvolvimento econômico e social. O calendário de reuniões que definimos segue a lógica das grandes regiões; a primeira reunião será em Imperatriz do Maranhão de 22 a 24 de fevereiro de 2.008, participarão as organizações do Sul e Sudeste e Nordeste do Pará. Tocantins e o Maranhão. A segunda reunião ser em Santarém de 25 a 27 de abril de 2.008; participarão as organizações do Baixo-amazonas, Transamazônica e do Estado do Amazonas. A terceira reunião será em Rondônia; de 27 a 29 de junho de 2.008 participarão as organizações de Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas e Mato Grosso. E por último a grande Assembléia dos Movimentos Sociais da Amazônia com (500 participantes) em Belém de 28 a 30 de novembro de 2008, que será resultado dos debates anteriores nas regiões. OBSERVAÇÕES; Em cada região, as organizações locais têm a tarefa de assumir a construção das Assembléias, a infra-estrutura e todo o material pedagógico. Um coletivo de dirigentes e militantes acompanharão todas as Assembléias regionais, como forma de ajudar a dar organicidade aos debates e os encaminhamentos gerais de cada assembléia regional. Esperamos sinceramente com essas idéias expostas possam avançar na construção dessa jornada de debate, que julgamos importante para a articulação da luta política na nossa região. Contra o Imperialismo; Soberania Popular na Amazônia! Marabá 15 de novembro de 2.007

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