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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Devastação financiada

Enviado do jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista João Domingos retornou à Paulicéia desvairado com o “tipo de desmatamento incomum” em andamento no município de Cumaru do Norte. “A derrubada da mata está chegando aos cumes dos morros. Sem a proteção das raízes das plantas, o deslizamento de encostas já começou. Por terra ou por ar é possível verificar o desmoronamento do topo de pequenos morros. O desmate nas margens de riachos e igarapés também é visível”, diz ele em matéria publicada no final de janeiro. Cumaru, é verdade, é um dos 36 municípios que mais desmataram em 2007. Quem devastou? Grandes empresários do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste envolvidos com a pecuária, utilizando “imensos tratores C-145 (ligados por correntes, no sistema de arrastão), numa rapidez capaz de enganar os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)”. Agora vamos ver se o governo federal, como prometeu no começo do ano, vai cortar o crédito agrícola para fazendeiros e agricultores envolvidos em crimes ambientais. Segundo a reportagem do Estadão, de acordo com a prefeitura de Cumaru, só nos últimos quatro anos 35 grandes fazendeiros compraram terras de áreas superiores a mil alqueires goianos (cerca de 4.850 hectares). Calcula-se que, só ali, a pecuária já tenha levado para os pastos, no meio da floresta, pelo menos um milhão de cabeças de gado. Ao contrário de municípios vizinhos, o de Cumaru é praticamente um grande pasto. De vez em quando aparecem áreas de florestas. “Há clareiras abertas na mata que ainda mostram a violência cometida contra as castanheiras. Deixadas em pé, tornaram-se frágeis e morreram. As queimadas também ajudaram a matar as árvores. Ao contrário das espécies do cerrado, as castanheiras não desenvolveram a casca grossa para se proteger das queimadas. Também é possível ver grandes áreas derrubadas recentemente”. Cumaru fica a dez quilômetros de Ourilândia do Norte, ambos território das minas de níquel Onça Puma, da Vale ex-Rio Doce.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Vale parece blindada em relação aos orgãos de fiscalçização como Ibama. Até quando os fiscais visitam a área , já chegam patrocinados pela mineradora. Se o Governo tem mesmo esse compromisso que alardeia com o meio ambiente , que faça a lição de casa.