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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Predadores oficiais

A frente do escritório tem amanhecido coberta por uma fuligem negra. A princípio, imaginei tratar-se de poeira de obra adiante, onde a prefeitura constrói, com dinheiro público, um estacionamento privativo para o Sesi ao custo de quase meio milhão de reais. Fala-se de lado que Tião Miranda teria estocado R$ 30 milhões para gastar (dessa forma perdulária?) nos últimos meses do seu mandato. Eu não duvido. Por onde se anda há obras sem pé nem cabeça e algumas que têm custado o sacrifício de árvores plantadas com verba do contribuinte. Essa história de plantas é terrível. À margem do Tocantins, na orla que o governo federal constrói e da qual Tião assenhoreou-se, inclusive dando-lhe o nome do patriarca da família, (Sebastião Miranda, a propósito), embora existam tomadas d’água as plantas ornamentais estão morrendo de sede. Muitas já esturricaram e os canteiros viraram cemitério de outras espécies, inclusive palmeiras. Em várias avenidas, a pretexto de abrir espaço para o trânsito de pedestres, as máquinas estão decepando raízes de árvores trintenárias que ou caem ou ressecam. É uma devastação. Átila não seria mais predador. Mas, voltando à poeira negra e parecida com borra de café. Acho que vem do Distrito Industrial, logo ali, do outro lado da curva do rio Itacaiunas, de onde sopram as brisas. Deve ser. Afinal, os donos de lá já admitiram jogar no espaço, por mês, quarenta toneladas de gases tóxicos e micro-material sólido. Cinza cinza, não é. Cinza cinza de queimada vem com folhas inteirinhas flutuando até depositar-se sobre a água dos reservatórios, a cumeeira das casas, a camisa secando no varal. Essa porcaria de borra, que encarde até a alma da gente, deve ser resto químico expelido pelos altos-fornos. Ou seja, as guseiras e a prefeitura andam mancomunadas para destruir árvores e pulmões nesta pobre cidade.

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