sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Colher de chá
Anotem aí a palhinha do meu livro ainda inédito "Crônicas do risível insólito":
Reparação
Não são a mulher e o sol – ela mais que ele – os grandes inimigos do bêbado? Pois para compensar a vida desgraçada que vivem três anos com Luzia, no Amapá, assim que foi posto fora de casa Toin di Tôin carregou consigo todas as penosas que ajudou a criar.
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Má companhia
Deve ter sido a solidão que fez Maria Mateus aceitar a queda de asas e os floreios de certo Luis Preá e levá-lo para morar na casa dela, embora nem o nome inteiro dele ela soubesse. Mas, como o amor em geral humilha dos desgraçados provocando inveja, deu-se que a vizinhança ressentida chamou Maria de lado e avisou:
- Esse Luis, Maria Mateus, é lunfa. Tu abre o olho...
Maria levou um susto e, mais que o olho, abriu a porta da rua e enxotou Preá, que agora anda dizendo ter agendado a ex-parceira para um banho de peia se a polícia não tomar logo as providências.
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Sem propósito
O casamento indissolúvel é dissolvido pelo divórcio, pela morte e pelo tédio. Às vezes a tapa, mas isso é doutra seara. Com Mariazinha Porfírio deu-se que ela cansou-se da cara ferruginosa de Airton e dele separou-se. Airton foi embora.
Meses depois de zanzar em Brasília, retorna Airton disposto a retomar o linho esgarçado da família. Mariazinha, contudo – habituada já à liberdade – negou-se. Ferido, que entre as diversas formas de mendicância a do amor implorado é a mais humilhante, Airton azuou-se e prometeu:
- Matar-te-ei e suicidar-me-ei em seguida.
Proposta que a livre e jovem Mariazinha não quis nem pensar. Era o que faltava!
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