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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pelo esquecimento, o fim da história

Desde 15 de setembro está aberto, na Fundação Casa da Cultura, o concurso para escolha do nome do futuro Museu Histórico, a ser instalado no Palacete Augusto Dias, quando a Câmara mudar-se para seu prédio novo. A Fundação escolheu oito personalidades históricas que já são, em regra, nomes de ruas, praças, escolas, como Carlos Leitão, Francisco Coelho, Ignacio de Souza Moita, Augusto Dias, João Anastácio de Queiroz. Acho que se perdeu a chance de relembrar outros vultos igualmente importantes. Coincidentemente, na mesma semana a cientista social Jaqueline Alves Souza publicou artigo na imprensa pelo resgate histórico do ex-vereador, ex-proprietário de castanhais e jornalista Raymundo Rosa, perseguido pela ditadura militar por suas convicções ideológicas, além de ter prestado significativos serviços à coletividade. “Marabá até hoje ainda não prestou sua devida homenagem a Raymundo Rosa”, protesta Jaqueline. Não é bem assim. Uma das mais lindas e bucólicas ruas da Velha Marabá, a 7 de Junho, teve seu nome alterado para “Raymundo Rosa” em decreto legislativo aprovado pela Câmara em meados da década de 1990. Não consta que o decreto tenha sido revogado. Evidentemente, numa cidade onde avultam denominações oficiais nem sempre meritórias ou de boa lembrança, o nome de Raymundo Rosa perlustraria nosso aguardado museu. Outro que muito o dignificaria é o do esquecido Liberalino Maia, autodidata dedicado à pesquisa sobre nossa história e nossa gente e que, ele sim, vive nas trevas do mais absurdo esquecimento. Também não conheço uma única obra pública que leve o nome de um castanheiro, ou garimpeiro de diamantes, ou tropeiro de burros, caucheiro, lavadeira, juquireiro ou porco d'água de nossos barcos extintos. Há anos, por acaso encontrei no cemitério da Velha Marabá os restos de uma cruz com o nome de Ângelo Apinagés, um dos mais corajosos pilotos que passaram pela cachoeira do Capitariquara. Hoje, até os últimos tijolos que guardavam sua sepultura foram arrancados e postos fora, porque nada se preserva nesta cidade administrada pelos que – nascidos aqui ou não – desconhecem sua história.

2 comentários:

Anônimo disse...

Te parabenizo pela lembranças de nomes importantes que a esta terra deram suas vidas e não são lembrados, pessoas que trabalham diuturnamente neste minicipio em todos os tipos de trabalhos como vc mesmo citou alguns, na educação tivemos nomes como Professora Felipa,Zelma Brasil,Santa, Julieta,Raimundinho entre outros pessoas que labutaram firmementente para contribuir com esta cidade e hoje muitos são esquecidos.
Carajaense.

Plínio Pinheiro Neto disse...

Caro Ademir.

Bem lembrados os nomes que foram citados por ti, a eles acrescento o nome de Alvaro de Barros Lima, guardião de nossos documentos históricos que foram emprestados a um paulista do projeto Rondon de Marabá que os utilizou para escrever um livro e não os devolveu.Iran
Monção, que suicidou bem jovem e escrevia belas poesias ao estilo de Augusto dos Anjos.Taracanga, de voz inigualável, até hoje.Coutinho, talento das pinturas, que um tiro na cabeça levou daqui na flor da juventude.Pedro Vale, alma inquieta e cabeça efervescente de intelectualidade.Frederico Morbach, de fina ironia e belas poesias.Augusto Bastos, alma apaixonada e que não resistiu a dura materialidade do dia a dia. Augusto e Pedro Morbach, maiores entre os maiores do nanquim. Mario Mazzini, cronista de belos fatos históricos que o desaparecimento das edições de "O Marabá" impediu-nos de guardar e, por fim, Eduardo Abdelnor, ator principal de Marabá - Um diamante e cinco balas e Marajó-barreira do mar e professor da Escola Paraense de Teatro, injustiçado, pois seu nome deveria ornar o frontispício de nosso Teatro (cine Marrocos).

Um abraço do

Plínio Pinheiro Neto