Luiz Fux, magistrado de carreira |
11º ministro do STF, Luiz Fux, 57 anos – que deverá ter o seu nome confirmado pela maioria absoluta do Senado – sempre conquistou cedo , e com muito sucesso , os cargos de sua carreira no Judiciário . Carioca do Andaraí, estudou no Colégio Pedro II, e formou-se em direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi advogado da Shell Petróleo , até ser aprovado , em primeiro lugar , em concurso para promotor de Justiça estadual, quando tinha 26 anos . Aos 30 anos , tornou-se juiz de direito – também primeiro colocado no concurso – tendo atuado nas comarcas de Trajano de Moraes , Santa Maria Madalena, Cordeiro , Cantagalo, Nova Iguaçu, Macaé, Petrópolis e na 9ª Vara Cível do Rio de Janeiro . Em 1979, foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça fluminense , onde exerceu o cargo até novembro de 2001, quando foi nomeado ministro do Superior ’Tribunal de Justiça pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. No STJ, presidiu a 1ª Turma e a 1ª Seção (reunião das 1ª e 2ª turmas , ambas especializadas em Direito Público ). No magistério , foi sempre ligado à UERJ, na qual chefiou o Departamento de Direito Processual. O ministro Fux foi ainda presidente da comissão de juristas encarregada da elaboração do novo Código de Processo Civil , cuja redação final foi aprovada , em dezembro último , pelo Senado .
É o próprio ministro Luiz Fux quem fala de suas origens , na autobiografia encomendada pela Faculdade de Direito da UERJ, em “70 anos de história & Memória (1935-2005)”: “Sou carioca da gema . Como se dizia antigamente . Minha mãe é Lucy Fux. Meu pai chama-se Mendel Wolf Fux, imigrante romeno , brasileiro naturalizado. Meu pai é advogado . Ele era contador e, já depois da família crescida – tenho mais duas irmãs – resolveu fazer o curo de direito , tendo o concluído com uma certa idade (...). Minha família é de exilados de guerra , da perseguição nazista . Tenho origem judaica . Meu avô e a minha avó se reencontraram no Brasil, após três anos separados. A minha avó conseguiu vir primeiro , exilada, depois é que veio o meu avô . Chegando aqui , meu avô exerceu uma função bastante humilde . Ele vendia roupas para pessoas de classe baixa , nas populações mais carentes (...). Por parte de mãe , talvez . Se alguém acredita, vamos dizer assim , nessa absorção por osmose hereditária , o pai de minha mãe exercia função de juiz arbitral na coletividade . Era um homem muito culto , dedicado às questões da justiça ”.
O novo ministro do STF – o primeiro indicado pela presidente Dilma Rousseff – é casado com Eliane, e tem dois filhos : Mariana e Rodrigo, de 28 e 26 anos . Adepto de caminhadas matinais diárias nas vias próximas de sua casa no Lago Sul , ele é faixa-preta em jiu-jitsu. Em maio de 2003, ficou ferido ao reagir a uma tentativa de assalto a seu apartamento em Copacabana, ocasião em que quatro assaltantes feriram-lhe o rosto e um joelho com golpes de marreta .
A presidente Dilma Rousseff escolheu Luiz Fux para ocupar a vaga aberta no STF, há seis meses, com a aposentadoria do ministro Eros Grau . Com isso , ela atende a uma revindicação de todas as associações da magistratura , que defendiam a nomeação de um juiz de carreira para a Corte Suprema .
Na atual composição do STF, o único magistrado de carreira é o atual presidente , Cezar Peluso – que era desembargador em São Paulo, e foi nomeado em 2003, juntamente com Ayres Britto e Joaquim Barbosa, oriundos da advocacia e do Ministério público , respectivamente . São também ex-procuradores da República os ministros Celso de Mello, Ellen Gracie e Gilmar Mendes. Marco Aurélio de Mello foi do Ministério Público do Trabalho , antes de ser nomeado ministro do Tribunal Superior do Trabalho (1981-1990) e, em seguida , ministro do STF. Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli também não eram juízes de carreira . O primeiro foi nomeado desembargador do TJ-SP, em 1990, mas na cota dos advogados . A jurista Cármen Lúcia foi advogada e procuradora do Estado de Minas Gerais . Dias Toffoli fez carreira na advocacia , e foi advogado-geral da União , durante quase todo o segundo mandato do ex-presidente Lula .
Na semana passada , a Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj) reforçou a reivindicação da AMB. O presidente da entidade , desembargador Antonio Siqueira, sugeriu à presidente da República a indicação do ministro Luiz Fux, lembrando que ele passou em primeiro lugar em todos os concursos públicos de que participou, escreveu mais de 20 livros , e distinguiu-se no exercício da magistratura nas três instâncias do Judiciário – do primeiro grau à terceira instância (STJ), passando pela segunda (TJRJ). (Jornal do Brasil, Luiz Orlando Carneiro )
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