Um dia depois de anunciar medidas burocráticas para deter a escalada de violência no campo , o governo decidiu dar prioridade à segurança de 30 agricultores e ambientalistas , que integram uma lista de 1.813 pessoas ameaçadas por madeireiros . A seleção , composta por pessoas que já foram vítimas de atentados no Pará , será o ponto de partida das ações deflagradas pelo governo para tentar conter a escalada de violência que se instalou na região amazônica desde a última semana .
A reportagem é de Lígia Formenti e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 01-06-2011.
No início da tarde desta terça-feira , 31, um grupo destacado pelos Ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Agrário e pelas Secretarias Especiais da Presidência e de Direitos Humanos iniciou a discussão da estratégia que será adotada para proteger o grupo .
Os detalhes da operação serão mantidos sob sigilo . Já está certo , porém , que nos próximos dias será desencadeada uma ação com duplo objetivo - proteção das vítimas e detenção dos responsáveis pelos assassinatos . Por enquanto , sabe-se apenas que a missão será formada por integrantes de vários ministérios e que contará com o aval das autoridades locais .
Os 30 nomes selecionados pelo governo constam de uma relação maior , apresentada nesta terça pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) à ministra Maria do Rosário , da Secretaria Especial de Direitos Humanos . O documento original contém 1.855 nomes de pessoas que foram ameaçadas em conflitos agrários nos últimos dez anos , sendo que 42 já foram mortas e 207 receberam ameaças repetidas vezes . São necessários cerca de oito homens para fazer a escolta de cada pessoa ameaçada.
Ao analisar a lista , a ministra avisou que não haveria como oferecer escolta para todos , mas comprometeu-se a dedicar a atenção a um grupo : vítimas que conseguiram escapar de atentados graves nos últimos anos , consideradas pessoas que ainda vivem sob alto risco .
"Há responsabilidade por parte dos Estados , uma vez que não estamos tratando de intervenção federal . O que precisamos ter em mente é que cada morte registrada significa o enfraquecimento dessa luta pela terra ", disse Maria do Rosário .
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