O Brasil Potência já começa a materializar-se, outra vez , junto aos esquecidos da Amazônia. Primeiro , nas imediações da futura Usina Hidrelétrica de Belo Monte , em Altamira, o maior município do mundo , com o despejo , pela Polícia Militar do Pará , de aproximadamente 300 famílias sem teto que foram acampar , em protesto , diante da prefeitura . Lá , no centro da cidade , junto com os despejados, o tsunami social despejou caixas d’água , paus , armários antigos , roupas , panelas , fogões , garrafas térmicas, móveis e roupas –pertences dos desvalidos .
A mobilização da prefeitura foi rápida : mandou seu departamento de trânsito isolar a quadra e soltou a coleira da Guarda Municipal para intimidar os lascados.
No sudeste do Pará , igualmente , a milícia estadual promoveu um “acorda-pra-cuspir” de outras três centenas de famílias do acampamento Darci Ribeiro , há três anos estabelecidas em parte da fazenda Piquizeiro , em Marabá . Todos os barracos , a maioria de madeira , foram destruídos.
É provável que os escorraçados venham em romaria acampar nas terras improdutivas e insalubres da sede da Superintendência Regional do Incra, na Agrópolis Amapá.
Um comentário:
Para um desenvolvimento igualitário da Amazônia paraense
Artigo do professor Hélvio Arruda, Diretor Geral das Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), em Santarém
Professor Hélvio Arruda
A emancipação dos Estados do Tapajós e Carajás não é um mero caprichodos santarenos e marabaenses, vai muito além disso, na realidade busca-se uma distribuição menos desigual dos recursos financeiros empregados no Estado do Pará, considerando a falta de provimento dos seguidos governos de nosso Estado, preterindo estas regiões em detrimento de outras.
Com relação ao futuro Estado do Tapajós, cuja população se aproxima de 1.700.000 pessoas, as distâncias dentre as cidades e lugarejos do oeste do Estado do Pará é considerado o principal motivo da inércia das administrações públicas nos últimos cem anos. A distância entre a Capital do Estado, e a cidade pólo desta região oeste, Santarém, é de aproximadamente 800 km em linha reta, com acesso apenas via aérea ou fluvial, considerando que as rodovias Santarém X Cuiabá e Transamazônica, as quais foram “inauguradas” há 40 anos, nos seus respectivos trechos no Estado do Pará ainda não há asfalto, inclusive as pontes existentes, em sua maioria, são de madeira, inviabilizando qualquer previsão de “chegada” em uma viagem via terrestre. Vale ressaltar que a mesma rodovia (Santarém X Cuiabá), no trecho do Estado do Mato Grosso, está duplicada, com asfalto de primeira qualidade.
O custo do transporte aéreo inviabiliza o deslocamento da população menos favorecida. Quanto ao transporte fluvial, o custo é menor, porém o tempo de viagem (mais de 2 dias), compromete o deslocamento.
A ausência do Estado também é sentida com a falta de água potável nas residências da maior cidade da região, Santarém. Apesar do subsolo rico com o segundo maior aquífero do Brasil, quem não tiver seu próprio poço, fica à mercê da companhia de abastecimento estadual.
São regiões desguarnecidas, abandonadas, sem a presença do Poder Público, as quais merecem uma atenção especial.
Quanto ao custo da implantação dos novos Estados, que sejam enternecidos entre o que será produzido nas regiões desmembradas e pelo governo federal, o qual tem a obrigação de investir no desenvolvimento igualitário da Amazônia Paraense.
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