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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A ALPA JÁ ERA!

Primeiro, foi na calada da noite, tipo assim, que a Vale fechou a sua guseira no Distrito Industrial de Marabá, há pouco mais de um mês, demitiu cerca de 300 trabalhadores e diz-que vai levar seus bregueços para o Maranhão. Agora, segundo o abalizado Parsifal Pontes,

Presidente da Vale oficializa paralisação da ALPA em Marabá
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, tornou oficial aquilo que se falava nos bastidores desde o inicio de 2011: as obras da Aços Laminados do Pará (ALPA), a ser implantada em Marabá, estão suspensas. Isto não significa que as obras não serão retomadas, mas, a sua conclusão se perde em um horizonte de prazo incerto.
A ALPA foi anunciada, em Marabá, com pompas e circunstancias, pelo então presidente da Vale Roger Agnelli à ilharga da então governadora Ana Júlia, como marco de um novo ciclo da exploração mineral no Pará: a verticalização do subsolo em indústrias de transformação.
Na verdade, e eu acusei isto em um artigo à época, a Vale jamais desejou empreender a ALPA: foi obrigada à empreitada exclusivamente por pressão do presidente Lula, que cobrou da mineradora investimentos no Brasil, quando a empresa, em plena crise internacional, demitiu cerca de 4 mil funcionários.
Passada a refrega e aliviada a pressão do Planalto, a Vale buscou desesperadamente a quem repassar a ALPA, (como eu disse no artigo citado, e o presidente Murilo Ferreira confirma agora, a Vale não quer se meter em siderurgia), mas, não encontrou quem a arrematasse, exatamente pelo motivo agora alegado pelo presidente da mineradora para suspender as obras: logística incerta.
Lula, na marra, inaugurou as eclusas de Tucuruí, mas, os dois elevadores são apenas uma distorcida paisagem do que deveria ser a hidrovia do Araguaia-Tocantins: o derrocamento dos pedrais do “Lourenção”, à altura do município de Itupiranga, suspenso pela presidente Dilma Rousseff, limita a navegabilidade das embarcações necessárias à logística de maiores empreendimentos.
Com a suspensão das obras da ALPA que, segundo o presidente da Vale não tem prazo determinado para continuar, o município de Marabá amargura o cismo migratório turbinado pelo anúncio do milagre, feito sem qualquer planejamento estratégico conclusivo, como, de fato, são iniciadas muitas obras pelo Brasil afora (vide a transposição do São Francisco), depois largadas ao léu, na ainda contumaz mania nacional de começar a casa pela cumeeira.
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O texto de Parsifal, em 05/04/2010:

Os pingos nos is

A implantação da ALPA em Marabá não se dá por benemerência da Vale e nem por graça do governo do Pará: aquela relutou por decidir o investimento e este, ou qualquer outro governo de estado, não teria força suficiente para forçar a decisão.
O pai da criança não estava na festa: o presidente Lula foi quem pressionou Roger Agnelli a meter a mão no bolso e programar investimentos internos, inaugurando uma atividade que os acionistas da Vale jamais quiseram dar foco.
A presidência da República irritou-se com a Vale quando esta, em meio à crise econômica de 2009, decidiu reduzir despesas em cima do proletariado, e anunciou demissão de funcionários.
Lula advertiu Roger Agnelli e cobrou da empresa, que tem todos os seus negócios por concessão da União, uma postura mais responsável do ponto de vista do retorno vertical das concessões.
Agnelli acusou o golpe, que foi potencializado pela ameaça real de perder um dos cargos mais cobiçados do mundo, quando Eike Batista, aproveitando a deixa, fez movimentos invasivos rumo à mineradora.
Eike foi apenas ponta de lança de um movimento mais ousado do Palácio do Planalto, que visava decapitar Agnelli e colocar Sérgio Rosa na presidência da Vale: algo assim como o PT pondo a mão na mina.
Sérgio Rosa é o presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, PREVI, maior fundo de pensão da América Latina, 45º do mundo, e, objetivamente, o maior acionista da Vale, através da Valepar.
Agnelli, vendo que não poderia enfrentar a pressão de Lula, providenciou uma entrevista com o mesmo, não sem antes acelerar a confecção de um plano de investimentos verticais que o presidente lhe cobrava há algum tempo.
O que Roger ofereceu a Lula: investimentos globais em pontos estratégicos do Brasil, que, até 2014, deverão agregar 18,5 milhões de toneladas de aço à produção nacional.
São eles, a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), no Espírito Santo, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, e a Aços Laminados do Pará (ALPA) no Pará.
Agnelli pagou a Lula um dote de aproximados R$ 40 bilhõesvalor total dos investimentos a serem realizados nos 4 projetos acima lavrados - para permanecer no comando da Vale, e, de quebra, debitou o não inicio das obras na conta dos governadores dos estados onde elas seriam implementadas, por conta da demora das licenças ambientais.
Os estudos da Vale não consideraram desejos políticos dos locais de implantação e sim a viabilidade logística dos investimentos. Lula exigiu investimentos verticais da Vale: a localização caberia a empresa resolver.
O governo do Estado não teve participação nas eventualidades acima narradas e apenas cuidou de capitalizar os dividendos políticos advindos: seria o cúmulo da inapetência não fazê-lo e o fez com competência.
A licença que autoriza o empreendimento, entregue em Marabá pela governadora Ana Júlia, com as pompas e circunstancias devidas, é ato administrativo do Conselho Estadual de Meio Ambiente, COEMA, que não poderia ser subtraído: preenchidas as exigências legais a licença teria que ser concedida.
A ALPA é um investimento da monta de R$ 10 bilhões, com conseqüências financeiras que poderão repercutir outros R$ 5 bilhões na cadeia logística das inversões esperadas.
Marabá e seu entorno consolidar-se-á como um pólo econômico de alta força centrípeta. Afirmar, todavia, que o empreendimento muda o perfil produtivo do Pará é uma quimera.
A ALPA consolida a lógica da exploração mineral: traz significativo crescimento, mas o desenvolvimento desejável é questionável.
Se a consolidação de um pólo industrial na mesorregião Sudeste do Pará for acompanhado por políticas públicas conseqüentes, é certo que o desenvolvimento pode dar o ar da sua graça.
A persistir a lógica de outros empreendimentos tocados a ferro e a fogo pela União e apenas a esta servindo, a fumaça dos foguetes e as bolhas do champanhe não terão sido em vão, mas terão sido efêmeras.

2 comentários:

Anônimo disse...

O lote 11, acabou de ser imitido na posse. Agora qual e o problema que eles vao criar?

Anônimo disse...

Alguém ai tava no lançamento da pedra fundamental do pátio da alpa?
Ah, então lembram das vaias que foram dadas ao mau rino, agora começo a pensar que aquelas vaias deveriam também neste momento serem atribuídas ao Governo do Lula e da Ana Júlia.
Doidão de raiva.