Em O LIBERAL
Alepa vota promoção
de servidores sem concurso
Os deputados estaduais devem votar hoje proposta polêmica
que permitirá a ascensão dos servidores de nível médio da Assembleia
Legislativa para o nível superior, sem que, para isso, eles tenham prestado
concurso público. Com a progressão, os funcionários terão aumento de 58% nos
salários. Outros aumentos também serão votados hoje, para beneficiar todo o
funcionalismo do Legislativo, com exceção dos aposentados.
A ascensão funcional integra o pacote de alterações no Plano
de Cargos Carreiras e Remunerações (PCCR) da Alepa, que ontem foi aprovado
pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Fiscalização Financeira e
Orçamentária (CFFO). As discussões ficaram para o plenário, na sessão de hoje.
Segundo o presidente da CCJ, deputado Raimundo Santos (PR),
a proposta precisa ser votada até hoje por causa do prazo da Justiça Eleitoral
para aprovação de reajuste de servidores em ano eleitoral. A expectativa é de
que seja aprovada, embora não exista consenso sobre a legalidade de pontos como
a progressão vertical dos servidores de nível médio.
Há uma semana, o deputado Gabriel Guerreiro (PV), que já
presidiu a CCJ, enfatizou que a progressão de um nível escolar para outro, no
funcionalismo, exige concurso público, uma exigência constitucional. Juristas
reconhecidos nacionalmente, como Celso Antônio Bandeira de Melo, defendem que
fugir disso é tentar burlar a norma.
O atual presidente da comissão, no entanto, defende a tese
de que não há ilegalidade. Raimundo Santos cita o artigo 48, inciso 10 da
Constituição Federal, que confere ao Congresso a função de criar, transformar e
extinguir cargos, empregos e funções públicas. Ele aponta o uso da mesma
alegação para aprovação de projeto semelhante pelo Congresso Nacional.
Se a proposta for aprovada, os servidores que ingressaram em
concurso para nível médio, mas que depois disso concluíram o superior, terão os
salários reajustados em 58%. Os de nível operacional que também obtiveram o
nível médio depois de ingressarem na carreira pública serão alçados a esse
grupo, tendo, para tanto, aumento de 15%.
O projeto prevê, ainda, reajuste salarial de 15% para quem
permanecerá no nível médio e para os servidores com nível superior. Não foram
apresentados dados específicos sobre quanto será gasto com cada grupo. No
total, a revisão salarial do quadro funcional da Alepa, somando ainda os 6%
para comissionados, custará R$ 1,2 milhão por mês.
Segundo Raimundo Santos, o Legislativo gasta R$ 12,1 milhões
mensais com pessoal. Ele afirma que o reajuste é possível porque, ao atingir a
marca de R$ 13,4 milhões, a folha corresponderá a 54,31% da receita corrente
líquida. O limite prudencial imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
é de 56%.
Temporários
Os 67 servidores temporários que permanecem ilegalmente na
Alepa serão incorporados ao quadro de comissionados. A mesa desistiu de aprovar
em plenário um projeto de emenda ao PCCR que efetivaria o grupo sem que ele
fosse concursado. A criação dos cargos também foi aprovada pelas CCJ e CFFO
ontem, para que seja aprovada em plenário hoje. Essa foi a alternativa sugerida
pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) e acolhida pela mesa como a única
maneira legal de evitar a demissão imediata dos temporários, exigida há anos
pela Justiça.
Os temporários gostariam de ser incorporados ao quadro de
efetivos e uma proposta de emenda chegou a ser apresentada pelo deputado Carlos
Bordalo (PT) nesse sentido. A efetivação foi descartada porque contraria a
Constituição, que exige ingresso na carreira pública somente através de
concurso público. Somente comissionados podem ser contratados sem essa
exigência, mas não alcançam a estabilidade. Temporários podem ser contratados
extraordinariamente para um período de dois anos.
Inicialmente, a criação dos cargos foi considerada fora de
cogitação pelo presidente da Alepa, deputado Manoel Pioneiro (PSDB), por causa
do impacto financeiro, mas, ontem, ele disse que não haverá aumento de gastos
porque será utilizado o mesmo recurso que hoje paga os salários do grupo, entre
R$ 130 mil e R$ 149 mil.
O grupo também será totalmente absorvido porque, embora
circulem informações de que parte dos contemplados recebe sem trabalhar, a mesa
diretora trabalha com a informação das chefias dos departamentos de que todos
estão trabalhando regularmente.
A mesa ficou de exonerar os servidores ontem e publicar o
ato no Diário Oficial quando este for publicado _não há previsão disso porque a
Alepa não tem Diário on line e publica somente a versão impressa, mas sem
regularidade.
Um comentário:
Fica patente o interesse em quererem bular a legislação. Para receberem a denominação de temporários, dever-se-ia pressupor que trabalhassem por periodo determinado, e eles estão lá há séculos. Como foram forçados, por acordo não cumprido, a deixarem os cargos, estão querendo transmudar o termo "temporário" para "comissionados", de livre nomeação, o que vai permitir, se aprovada a suposta lei; que fiquem nos mesmos lugares, e gahando salários mais altos.
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