O Estado agiu com truculência no despejo, segundo a denúncia. |
Policiais militares da Ronda
Tática Metropolitana – ROTAM, Tropa de Choque, Comando de Operações Especiais –
COE, Corpo de Bombeiros e Perícia Criminalista da Polícia Civil realizaram ação
de despejo no Acampamento do Movimento Sem Terra – MST na Fazenda Dom Bosco no
município de Igarapé-Açu. Na manhã de terça-feira (26), 68 famílias ocupavam a
Fazenda Dom Bosco a cerca de 45 dias reivindicando a criação de um assentamento
de reforma agrária, haja visto que a área é uma antiga colônia estadual que foi
reconcentrada de forma ilegal, segundo relato do Presidente do Instituto de
Terras do Pará – Iterpa.
Segundo nota conjunta da Sociedade
Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH, Comissão Pastoral da Terra –
CPT, MST e Comissão de Justiça e Paz da CNBB, a ação foi “marcada pela
violência policial com casos de uso abusivo de força, retirada violenta de
equipamento do fotógrafo que registrava em nome das entidades de defesa dos
direitos humanos Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SDDH e
Comissão Pastoral da Terra – CPT. A operação foi comandada pelo tenente-coronel
Rosinaldo, da Rotam, que era também o mais exaltado e quem agredia os
camponeses e membros das entidades com intimidações, xingamentos e ameaças”.
O fato mais absurdo, prossegue a
nota, foi a invasão da propriedade legitimada através de um mandado feito às
pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-Açú Maurício Ponte Ferreira de Souza ordenando
a invasão e destruição de estruturas de barracos de alimentação e estruturas
como fogões de barro, assentos e mesas de refeição da família de dona Maria de
Lurdes Cardoso da Silva em um lote de sua propriedade fora da área em disputa.
Uma ação jamais vista em toda a história de brutalidade da luta pela terra no
Estado do Pará, ainda mais se contarmos que a destruição de sua propriedade foi
realizada pelos funcionários dos fazendeiros que grilaram a propriedade
pública, demonstrando haver um forte e poderoso conluio entre o poder judiciário
local, polícias civil e militar e fazendeiros da região.
Os movimentos sociais e de defesa
dos direitos humanos irão apresentar uma representação contra o Juiz da Comarca
de Igarapé-Açu por suas atitudes arbitrárias e autoritárias, além de denúncias
contra as policiais envolvidas na ação pela violência e desrespeito aos
direitos dos cidadãos que foram duramente violados. “Ações desta natureza devem
fazer parte de um passado que temos que nos envergonhar e que projetaram o
Estado do Pará ao topo do ranking das violações dos direitos humanos”, conclui
a nota.
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