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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Impunidade S.A.,


Assassino de Dorothy Stang deixa unidade prisional em Belém, no Pará

Rayfran Sales irá cumprir o restante da pena em prisão domiciliar.
Em fevereiro de 2005, em Anapu, ele matou irmã Dorothy com seis tiros.

Do G1 PA
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Rayfran Sales foi beneficiado com o direito de dormir em casa e cumprir o resto da pena em prisão domiciliar na última terça-feira (2). (Foto: Shirley Penaforte/Amazônia Hoje)Rayfran Sales foi beneficiado com o direito de dormir em casa e cumprir o resto da pena em prisão domiciliar na última terça-feira (2). (Foto: Shirley Penaforte/Amazônia Jornal)

Rayfran das Neves Sales, condenado a 27 anos de prisão por ser assassino confesso da missionária norte-americana Dorothy Stang, morta em fevereiro de 2005 em uma área do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança em Anapu (PA), no oeste paraense, deixou na última terça-feira (2) a unidade prisional no Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB).
Por determinação do juiz Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, da 1ª Vara de Execuções Penais, Rayfran, que estava preso há 8 anos, recebeu progressão do regime semi-aberto para prisão domiciliar. Ele foi beneficiado com a medida por apresentar bom comportamento, ter trabalhado e estudado durante o cumprimento da pena.
Com a decisão, Rayfran fica proibido de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos similares, e deve permanecer recolhido à residência no período noturno, além de apresentar às autoridades judiciais mensalmente.
Envolvidos
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, condenado a 30 anos de prisão por ser o mandante da morte da missionária de 74 anos, irá a novo julgamento no dia 19 de setembro deste ano.

'O crime compensa', critica advogado da CPT sobre decisão da Justiça

Assassino da irmã Dorothy cumprirá restante da pena em prisão domiciliar.
Rayfran Sales cumpriu 8 anos da sentença de 27 anos de condenação.

Natália Mello Do G1 PA
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José Batista Afonso CPT Pará (Foto: Evandro Corrêa/O Liberal)José Batista criticou a decisão da Justiça do Pará (Foto: Evandro Corrêa/O Liberal)
O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista, em entrevista exclusiva ao G1, nesta quarta-feira (3), comentou a decisão da Justiça do Pará que determinou que Rayfran das Neves Sales, assassino confesso da missionária norte-americana Dorothy Stang, irá cumprir o restante da pena de 27 anos em regime domiciliar.
"O crime compensa, né? Se a pessoa cumprir cinco anos de pena, aqui no Pará ninguém vai deixar de receber encomenda de morte. São altos valores à custa de cinco anos de prisão. Isso é uma vergonha, ele é o acusado de ser o executor do crime, que é bárbaro, ser o autor da morte de uma missionária de mais de 70 anos. Aí cumpre pouco mais de cinco anos em regime fechado e com oito anos fica livre para ficar em casa, tranquilo. Isso é um estímulo à impunidade!", critica Batista.
Para a irmã Margarida Pantoja, integrante do Comitê Dorothy Stang, a sensação de impunidade estimula os jovens a cometer crimes. "Infelizmente aconteceu isso em 2005. Lutamos para que esse caso não caísse no esquecimento. A sensação é terrível. Não de não acreditar na Justiça, mas a lei favorece o criminoso. No Brasil, é fácil matar. Você mata alguém e daqui a pouco está livre. Nós não perdemos o projeto que ela tocava, mas perdemos a irmã Dorothy", lamenta.
O advogado da CPT afirma ainda que a impressão é de que a justiça foi feita está distante do que é decidido nos tribunais. "Passa para a sociedade, no momento na condenação, que está se fazendo justiça. Mas na hora da execução, a pena está muito distante do que a pessoa de fato cumpre. A sociedade não tem essa informação. O júri tem a imagem que ele vai cumprir tudo, mas de 30 anos para pouco mais de cinco em regime fechado é uma diferença muito grande", ressalta José.
A irmã Margarida afirma também que o sistema legislativo brasileiro favorece a impunidade no país. "Isso cria e reforça na juventude esse sentimento. Isso é uma escola para a juventude, que pensa: eu posso matar, eu posso cometer crimes, porque daqui a pouco eu vou estar livre de novo. E é isso que o movimento está fazendo nas ruas, pedindo por mudanças políticas, por mudanças nas nossas leis, no nosso poder judiciário. Também é preciso rever o que acontece no presídio. A proposta é o condenado cumprir a pena dele e sair como uma pessoa que vai estar integrada à sociedade, mas será que é assim?", questiona.
Dorothy Stang (Foto: Reprodução Globo News) 
Dorothy Stang (Foto: Reprodução Globo News)
Crime
Dorothy Stang foi morta a tiros em fevereiro de 2005 em Anapu, no Pará. Segundo a Promotoria, a missionária foi assassinada porque defendia a implantação de assentamentos para trabalhadores rurais em terras públicas que eram reivindicadas por fazendeiros e madeireiros da região.
Dorothy trabalhou durante 30 anos em pequenas comunidades da Amazônia pelo direito à terra e à exploração sustentável da floresta.
Os dois pistoleiros que a mataram, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista, e o homem que os contratou, Amair Feijoli da Cunha, foram julgados e condenados.

Um comentário:

Anônimo disse...

No Brasil, condenado é quem morre e suas respectivas famílias. Justiça e merda nesse país tem a mesma catinga. Mas se a lei é elaborada por bandidos, o que haveria de se esperar? Se um dia alguém fizer mal à minha família, quem indicia, julga, condena e executa sou eu. E no meu código tem pena de morte!

Ramiro Lisboa