sábado, 26 de maio de 2007
Alguma nostalgia
Em carne viva
(Ademir Braz)
Juntam gravetos e lume,
arde a fogueira na rua.
No sete-estrelo dos céus
canções de roda e lembranças
giram os vitrais da infância
na viuvez das estrelas.
Sobe da ilharga do fogo
um alarido tribal.
Ora pro nobis nas velas
Outro obscuro Natal.
Fazíamos assim, no tempo
que esta noite resgata:
adultos sobre a calçada,
boca-de-forno, crianças,
Voz do Brasil no Transglobe
de válvula e bateria.
Com a seda garça da lua,
e fios de fada e encantos,
à luz de vela tecia
dona Itália o manto
da virgem que desencanta
(fiando fibras de urtiga
na carne viva da mão)
o príncipe que a bruxa má
tornara ave infeliz.
A cada noite a vida
ganhava em luz e magia
quando Itália na porta
cercada pelos meninos
contava histórias perdidas
entre degraus da calçada:
“Era uma vez...”, e girava
a estrela azul entre as algas
e o fogo-fátuo dos astros
nos infinitos luzia.
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