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terça-feira, 22 de maio de 2007

Um mal cada vez maior

Satélites registram poluição das guseiras Campinas - Há 17 anos, a pequena cidade de Piquiá, no oeste do Maranhão, era quase um ponto perdido na BR-222, a cerca de 10 quilômetros de Açailândia. Hoje é uma mancha negra, que chama a atenção nas imagens do satélite Landsat 7, processadas pela Embrapa Monitoramento por Satélite para o zoneamento econômico-ecológico (ZEE) do estado, atualmente em execução. O preto sobre a cidade não é apenas fruto das queimadas: é uma impressionante camada de fuligem, proveniente da produção intensiva de carvão vegetal para abastecer as 5 guseiras, localizadas em Piquiá. Guseiras são indústrias siderúrgicas, que produzem ferro-gusa, neste caso, exclusivamente para exportação. Sua instalação foi incentivada no final dos anos 70 ao longo da Ferrovia dos Carajás, que atravessa o Pará e o Maranhão, com a intenção de agregar valor ao minério de ferro extraído da Serra dos Carajás, PA. No final dos anos 80, os incentivos fiscais foram cancelados, devido aos desmatamentos para produção de carvão vegetal, consumido nos alto-fornos, na proporção de 800kg de carvão por tonelada de ferro-gusa. Algumas guseiras previstas deixaram de ser instaladas, mas as que já existiam continuaram produzindo. A instalação da maioria das fazendas agropecuárias da região foi financiada com a venda de carvão vegetal para as guseiras. Praticamente todas as serrarias têm fornos para transformar em carvão as aparas de madeira e árvores impróprias para a fabricação de móveis ou tábuas. "Mas, hoje, aproximadamente 80% do carvão vegetal utilizado nas guseiras vêm do Pará e viajam até 500 km até chegar em Piquiá, porque muitas serrarias fecharam", diz Pedro Dantas da Rocha Neto, gerente do governo maranhense para a região de Açailândia. Segundo ele, as cinco guseiras de Piquiá produzem cerca de um milhão de toneladas de ferro-gusa por ano, com o carvão do Pará e de florestas plantadas (800 mil ton/ano).

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