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sábado, 26 de maio de 2007

Dimensões

Gestação (Ademir Braz) Quando tudo é grande como no começo, e as inquietas órbitas do sonho velam as surdas girândolas do que será afeto, eis o poema ainda húmus vago no rio veloz entre presságio e musgo. São caminhos de pedra e chuva e cinza e mar de águas turvas o inexato claustro das estrelas. Sobre o leito da palavra, entre mortos solitários e corcéis ansiosos, dorme inerte o pássaro ainda implume. Mas, concluso o canto, cerrada a concha que a semente vela (e nela, dentro dela, vibrando a flor d’outrora e a vaga oceânica d’agora), dá-se o pássaro ao tempo que pertence ao pó, ao cerne do que sobrevive à bruma, o peixe ao mar do dia repentino. O poeta é uma árvore que dá frutos, e deles se despede com um lenço branco.

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