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segunda-feira, 17 de março de 2008

Tiros no Estreito...

Gerente do Consórcio Estreito Energia (Ceste), que toca a Usina Hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, foi preso em flagrante nessa quarta-feira como possível autor do disparo que atingiu, terça-feira (11) à noite, o agricultor Welinton da Silva, ferido entre os militantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e Via Campesina, que ocupam o canteiro de obras. Mais de 400 ribeirinhos, agricultores, pescadores, extrativistas, barqueiros e barraqueiros, além de índios Krahô e Apinajé estão acampados em frente às instalações da UHE Estreito. O Consórcio, responsável pela obra, é formado pelas empresas Vale, Alcoa Alumínio, Billiton Metais (BHP), Camargo Corrêa Energia, e Tractebel. A hidrelétrica com potência de 1.087 MW, se construída, vai formar um lago de 555 km2, e inundará uma área de 400 km². Os Movimentos Sociais exigem a paralisação das obras da usina e demais ao longo do rio Tocantins, para que seja feito um novo levantamento de impacto ambiental, pois o realizado anteriormente omite que cerca de 21 mil pessoas serão atingidas diretamente pela barragem, além de comunidades quilombolas do Bico do Papagaio. Também protestam contra a resolução da CONAMA (302/2002) que obriga as famílias a ficaram a 100 metros de distância do lago artificial da barragem. Os agricultores e pescadores que utilizavam a beira do lago para subsistência, vão perder este direito. A UHE Estreito, a maior entre as 45 usinas licitadas entre 1998 e 2002, provocará impactos ambientais e sociais ainda incalculados. Pretende-se que ela seja construída numa área, que segundo estudos do Ministério do Meio Ambiente, deveria ser implantada uma Unidade de Conservação. Localizada no chamado Polígono das Águas – Sudoeste do Maranhão, a criação dessa unidade de conservação seria de extrema prioridade, de acordo com a tabela de Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade. Essa unidade de conservação abrangeria os municípios tocantinenses de Babaçulância, Barra do Ouro, Filadélfia, Goiatins, Itapiratins e Palmeirante, além dos municípios maranhenses de Carolina e Riachão. Com exceção do município de Riachão, todos esses municípios serão atingidos pelos efeitos da construção da Usina, que vai impactar direta e indiretamente mais de 22 municípios. O parque nacional Chapada das Mesas, no município de Carolina (MA) e o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas, em Filadélfia (TO), também estão na área de impacto provocado pela UHE Estreito.

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