Adolescentes se prostituem na beira da estrada e ninguém faz nada |
De acordo com a federação , em 2007 o Brasil era responsável por um milhão de interrupções de gravidez de forma insegura a cada ano e, segundo a ex-coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde Maria José Araújo, os abortos ilegais eram responsáveis pela morte de 180 a 360 mulheres por ano no país .
O relatório "Morte e Negação : Abortamento Inseguro e Pobreza " acrescentava que no Brasil, as mulheres pobres , jovens e nordestinas, eram mais vulneráveis aos abortos inseguros . E acrescentava que a população pobre é principal vítima porque não tem acesso a clínicas particulares nem remédios abortivos de menor risco do que práticas medievais como a introdução de agulhas de tricô que perfuram o útero , atingindo muitas vezes a bexiga ou o intestino da gestante . "O abortamento inseguro atinge, de maneira desproporcional , as mulheres mais pobres nos países onde ocorre", dizia o texto .
“As meninas de 10 a 14 anos são as que têm menos informações e menos recursos para evitar uma gravidez e menos recursos para se submeter a um aborto mais seguro ”, afirmou a diretora da federação , diretora da IPPF, Carmem Barroso, destacando disse que o número elevado de abortos no Brasil é sobretudo um problema socioeconômico e que o aborto é um problema coletivo e não individual .
Os abortos clandestinos são a quarta causa de morte materna no Brasil, segundo o estudo . Em 2006, 230.523 mulheres fizeram curetagens pós-aborto em hospitais do SUS. O procedimento é indicado tanto para mulheres que sofreram aborto espontâneo quanto para quem sofreu complicações decorrentes da interrupção induzida da gravidez .
NoBrasil, foi o ministro da Saúde , José Gomes Temporão , que propôs a discussão pública sobre a realização de plesbiscito no país acerca da legalização ou não do aborto . Para o ministro , o debate deveria considerar que o assunto é de saúde pública . E para Carmem, a proibição do aborto e a consequente falta de serviços de interrupção de gravidez no SUS não afeta a vida particular dos parlamentares brasileiros e de suas famílias , uma vez que são pessoas de maior poder aquisitivo e têm acesso a clínicas particulares .
Se o problema do aborto nessa escala tornou-se um problema de saúde pública , toda a presente discussão em torno dele, e nos termos em que é posta como campanha eleitoral , é pura hipocrisia . Porque , como diz o jornalista Alberto Dines, “descriminalizado ou não , o aborto continua sendo praticado aberta e impunemente na vasta rede informal de atendimento médico . O que deve sair imediatamente do debate eleitoral é esta fingida religiosidade que leva Deus aos palanques , macula as mais íntimas opções espirituais do eleitor e abala gravemente os fundamentos da nossa democracia – teoricamente isonômica, tolerante , aberta , inclusive aos agnósticos , descrentes e ateus .”
2 comentários:
Essa história de "fulano é a favor do aborto" e "fulano não é", já tá enchendo o saco.
Ora, quem é firme em suas crenças religiosas não vai fazer ou induzir ninguém a praticar aborto só porque tem uma lei que permite.
Estão dando um sentido que não existe.
A lei não vai obrigar. Portanto, faz quem quer. E mais, com lei ou sem lei as pessoas praticam aborto do mesmo jeito.
Se só a lei foi o suficiente, no Brasil não teríamos esse número alarmante de homicídios, afinal, está previsto punição para quem mata alguém (art. 121 do Código Penal).
Também não teríamos tantos políticos metendo a mão no erário, afinal há o Código Penal, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Ação Popular, a Ação Civil Pública, e a Lei de Improbidade Administrativa, além, é claro, da Constituição.
Lei, por si só, não faz absolutamente nada.
E só pra citar mais um caso: se só a lei bastasse, não teríamos tantos casos de pessoas dirigindo embriagadas, afinal, há a "famosa" Lei Seca.
Portanto, É LAMENTÁVEL QUE O DEBATE POLÍTICO TENHA DESCAMBADO PARA ESSE NÍVEL.
A hipocrisia é o nosso problema.
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