Milanez: medíocre e sem graça |
O texto de Felipe Milanez. que se pretende inteligente e engraçado, é só ridículo: uma aula de ignorância, estupidez e mau gosto. Leiam:
Olhando de cima , no satélite do Google, a Transamazônica parece uma série de espinhas de peixe . Essa é a cicatriz que rasgou a geografia . “Chega de lendas , vamos faturar !”, foi como o governo federal saudou, em um anúncio publicitário , “com aplauso e incentivo da Sudam”, a maneira como muitas pessoas deveriam começar a tirar proveito da Amazônia, 40 anos atrás . A Transamazônica era o caminho . De uma ponta a outra , ia domesticar a selva . Encher de gente aquele monte de terra que diziam que era vazia —vazia de que , cara pálida , se estava cheia de índios ? Progresso . Médici veio com tudo . E em 9 de outubro de 1970, Brasil tricampeão de bola , ele baixou em Altamira. Batia um calorão de 40 graus . Emocionou-se com a presença dos 3 mil habitantes da cidade que vieram assisti-lo—convidados ou convocados pelos milicos .
Ficou comovido ao ver uma árvore de 50 metros de altura ser derrubada por um bravo trator —ver mato ou gente cair era coisa que lhe apetecia. Descerrou a placa comemorativa. E saiu nos jornais . “Nestas margens do Xingu, em plena selva amazônica , o Sr. Presidente da República dá início à construção da Transamazônica, numa arrancada histórica para a conquista deste gigantesco mundo verde .” O que o sanguinário ditador não sabia era das más companhias .
O sangue já secou na maioria dos lugares por ali . Movimentos sociais se organizaram, os colonos dividiram terras , conseguiram começar a produzir (até agricultura orgânica ), invadiram terras de índios e foram desalojados. Anos de agito , em que a gente da Transa conseguiu ir revertendo a história de violência onde foram lançados. Mas as histórias ficaram. Andar pela estrada com um guia que conhece a região (e, como bom conhecedor da região , ele não vai querer o nome publicado em nenhum lugar ) é tentar ver , pela ótica da ironia , um pouco mais suave , a brutalidade que tem sido a conquista da Amazônia, tentando entendê-la. Nos 40 anos da Transa , nada como um turismo de conflito pelas curvas da senhora , visualizando as brutalidades do passado para conhecer os demônios do presente .
LÁBREA
Se começar por Lábrea, no Amazonas , onde a Transa termina, venha na época da seca , senão , pode não conseguir sair daqui. Não perca o memorial do seringueiro e descubra mais sobre as correrias falando com algum soldado da borracha encostado numa varanda : são as famosas caçadas de índios que eles faziam. Tente dar uma esticadi-nha para Boca do Acre , ou andar pelas matas da região ; aqui é possível reviver o faroeste bangue-bangue e os conflitos por terra à moda antiga .
APUÍ
ITAITUBA
RURÓPOLIS
URUARA
Tente ficar no Dallas Hotel , tomar um chimarrão (quente , sim ) em alguma das casinhas de madeira antigas para sentir o clima de Velho Oeste . Não , não são temáticas . São assim mesmo . Aqui dá pra bater um game na X Games —as marcas na parede não são de balas , pode ir na boa. Se der para esticar para o Rio Iriri, dobrando em um dos travessões (as estradas vicinais ), visite os índios Araras . A estrada passou no meio da aldeia deles e matou quase o povo inteiro , uma história de genocídio provocada pelo governo brasileiro que não foi bem contada ainda .
Daqui em diante , siga devagar , curtindo o visual —é o trecho mais preservado, envolto pela Terra Indígena Arara . Pode ter alguns cemitérios clandestinos da época que os araras atacavam os colonos —e os próprios colonos se matavam na disputa por terra com fazendeiros . Por aqui vivem os vampiros ! Se não vir nenhum por aqui , na periferia de Altamira a chance é grande .
ALTAMIRA
Na periferia de Altamira, onde tem aquelas casas de palafita , nada de saneamento básico , e onde crianças foram assassinadas por seitas e por um serial killer, é possível encontrar vampiros . Ou demônios . Volta e meia eles aparecem e aprontam uma por ali .
ANAPU
PACAJÁ
Se der problema no carro , vai no Negão. Com o que tiver na mão , reconstrói o que quebrou. Pra arrumar o amortecedor da picape , juntou um monte de ferro , soldou e fez outro , descolando a borrachinha de um pneu . Atrás da oficina tem uma Kombi pichada, que algum hippie que se aventurou por aqui nos anos 70 esqueceu. Papo com os caminhoneiros que encostam ali é diversão gratuita . Mas ouça mais do que fale. Papo vai, papo vem, um deles solta : “E a mulher que o marido contratou um pistoleiro para matar ela , e ela deu pro pistoleiro e o marido teve que fugir depois ? Aconteceu dia desses”. O papo surgiu assim , como se a gente tivesse falando do tempo ou de futebol pra quebrar o tédio .
Se subir à esquerda na estrada , vai passar por Serra Pelada , a mina famosa nos anos 80. É, ainda rola , sem o charme de antigamente , nem rende mais fotos do Salgado . Continue rumo Norte pela PA-150 até chegar numa curva em “S”. Os 19 tocos de castanheiras enfiados no chão representam os 19 sem-terra que foram assassinados pela polícia em 1996, no massacre de Eldorado dos Carajás . Mas , se comentar com alguém , não se assuste se o sujeito disser: “Para se defender das foices , a polícia teve que matar 19”.
Daqui em diante , a Transa perde o charme da Amazônia. Dá para tomar um banho de cachoeira em Carolina, no Maranhão. Tente passar por Barra do Corda e visite os restos da Missão que tinha por ali , onde em 1901 os índios guajajara se revoltaram contra a catequização e mataram cerca de 200 pessoas da cidade , no que ficou conhecido como “Massacre de Alto Alegre ”—dizem que depois os fazendeiros revidaram e mataram mais de 500 índios . Daqui em diante o sertão que passa pela janela do carro é o sertão nordestino. E aí já são outras histórias , outras lendas , outros conflitos para descobrir e se aventurar .
4 comentários:
Prezado autor deste blog. Nada contra sua opinião a respeito de meu texto. Apenas é preciso citar as fontes corretas: essa reportagem foi escrita para a revista Vice e reproduzida, com a fonte mencionada, pelo blog que você cita.
A fonte correta é essa:
http://viceland.virgula.uol.com.br/br/v2n9/htdocs/transando-a-amazonica-537.php
Eu não possuo vinculos com o greenpeace. Sou jornalista independente.
Agradeceria se pudesse fazer a revisão.
Atenciosamente
Felipe Milanez
Concordo Ademir. É um texto de péssimo gosto.
Tudo certo, Sr. Milanez. Então o título do post passa a ser:
FALTA SERIEDADE AO JORNALISTA INDEPENDENTE FELIPE MILANEZ.
kkkkk... "SE lascou-se!"
Te mete!...
Postar um comentário