"A (des)graça desse riso : uma paródia de identidade regional" é artigo da Doutora em História I delma Santiago, Professora na UFPA/Campus de Marabá, em que se desnuda as injunções por trás das piadas sobre maranhenses no sudeste do Pará. Confira:
No sudeste do Pará , a construção de um saber ordinário - composto de estereótipos discricionários sobre o maranhense - tem tido expressão e circulação nas anedotas e rimas de histórias . Em geral , considera-se a recorrência do tema e seus conteúdos como algo “normal ”, porque característico de uma prática discursiva que visa provocar o riso.
A questão é que nas piadas veicula-se, geralmente , um discurso não assumido oficialmente . Os espaços sociais organizados em torno do riso podem ser usados para transmitir mensagens ofensivas disfarçadas em brincadeiras (DARIA, 2008). Assim , a piada pode ser via de expressão e socialização não ostensiva de preconceitos porque atua pelo seu encobrimento. Por isso , ela pode e deve tornar-se objeto de crítica e vigília pública .
Nessas rimas de histórias sobressaem representações correntemente reiteradas sobre os maranhenses migrantes e sobre o Maranhão: (i) o maranhense está na história , mas numa condição de existência humana rebaixada; e (ii), pior : é uma questão ontológica , um estigma .
De um lado , é difícil uma abordagem que dê conta das ambigüidades das piadas e de seu trânsito entre realidades distintas e que se enredam, como o jocoso e o sério . De outro , muitos dos interlocutores parecem resistentes a um movimento de crítica das piadas , talvez porque provocaria de deslocamento de seu lugar de brincadeira e, portanto , de interdição dessa prática de prazer .
Articulando elementos de classe social , étnico-cultural e de procedência geográfico-regional, a nomeação do maranhense como o Outro , num contexto em que a maioria da população é migrante, pode ser entendida em duas dimensões :
1. Uma atitude de defesa numa perspectiva racista , porque a preocupação é como não se deixar “contaminar ” com esse Outro , íntimo e numeroso , e que perturba com sua pobreza , sua suposta ignorância , seu “destino singularmente punitivo ” (SAID, 2007).
2. Afora uma situação de insegurança , devido às formas precárias de territorialização físico-econômico e cultural da maioria dos migrantes na região , também atuam nesse processo que constrói o maranhense como categoria étnica na identidade regional , uma intenção de domínio das relações sociais . Como dispositivo de dominação simbólica, o ato de designação do maranhense se constitui como “um ato de tomada de poder , de apossamento sobre o outro ” (ALBUQUERQUE Jr., s/d) e visa um processo formador .
O processo de reterritorialização de migrantes, principalmente em cidades como Marabá , tem ocorrido associado a uma perversa divisão e segregação social . As piadas e rimas de histórias com o tema do maranhense possibilitam reconhecer manifestações culturais e ideológicas dessas di-visões sociais .
6 comentários:
Lembrem do filme James Bond, agente 007, o Estado do Tapajós é 77.
ATENÇÃO ELEITOR, O “SIM” PARA O ESTADOS DO TAPAJÓS É 77.
O Supremo Tribunal Eleitoral sorteio os número para o SIM e para o Não.
SIM 77 e o NÃO o 55.
AS CÉDULAS DO TAPAJÓS SERÁ AMARELA E O CARAJÁS BRANCO.
VOTE 77 AMARELO PARA O ESTADO DO TAPAJÓS,
VOTE 77 BRANCO PARA O ESTADO DO CARAJÁS.
ELEITORES TEM APENAS 1 MÊS PARA REGULARIZAR SEU TÍTULO
DE ELEITOR, ATUALIZE A MUDANÇA DE ENDEREÇO.
Eleitores devem tirar o título com urgência, até 11 de setembro, regularize sua
situação na cidade em que vive. Não deixe para última hora. Quem for de outro
estado deve transferir o título. Inclusive a população do MST também deve tirar o
título para apoiar essa causa.
Os jovens, acima de 16 anos também podem apoiar o movimento de emancipação
votando pelo SIM, 77 .
Lembre-se do James Bond 007 , o Tapajós é 77.
Pagâo eu nâo concordo, que seja préconceito, nem piadas inventada com nome de Maranhense, até porque muitos deles, entre nós é acabam criando istorias ilariantes, cito essa: um empresario bem sucedido na época em Marabá, foi até Brasilia lançar um livro, pasmem, no senado federal, titulo do livro: do alto do coco ao SENADO, o Maranhense nunca foi escritor, e nem Senador. PODE.
Olha que trágico: agora os superiores querem que os Outros transfiram o mais rapidamente seus títulos, para votar no sim. Nunca na história de Marabá, maranhense teve tanto valor.
Agora o maranhense virou a "Geni" da canção do Chico Buarque: no dia a dia ela era uma mulher desprezível, mas, diante do perigo, quando só ela poderia salvar a cidade, virou a grande redentora... Concordo plenamente com o Anônimo das 18h53, agora, na hora do pega pra capar, "clamamos aos nossos irmãos maranhenses que transfiram seus títulos para cá e votem no 77". Pode?
Um dos grandes, senão o maior culpado por essa ojeriza de que são vítimas nossos irmãos maranhenses, chama-se José Sarney. Que privatizou (vendeu/concedeu) a imensa maioria do território maranhense deixando sem terra seus conterrâneos menos favorecidos. Ele próprio (Sarney) é proprietário de 1 (huma) ilha de grandes dimensões. Salvo engano, chama-se Curupú. Pode ? Parece que sim. Motivo principal, pelo qual, deslocam-se do estado vizinho para cá em busca de terras. Como a maioria mal é alfabetizada, ocupam a maioria dos subempregos. Em 12.08.11, Marabá-PA.
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