Se a canoa não virar
A “Operação Blitz”, que revirou o Detran-PA ontem (07) em todo o Estado, auscultava o órgão há um ano. Segundo as “fontes fidedignas”, as saliências flagradas não se resumem ao que foi declarado: as investigações e gravações feitas revelariam uma septicemia na estrutura do órgão.
Se as conveniências pouparam o diretor superintendente Walter Pena, apenas o andar da carruagem editará, mas a brecha do conluio desvelado entre servidores e donos de autoescolas encorajou funcionários que percebiam outras obliquidades no órgão a soltar a língua.
> Sem navalha na carne
A declaração do diretor Pena de que ele teria acompanhado, desde o início, a operação e colaborado para que o Detran “cortasse na própria carne” é uma hipérbole: o corte revelado não passou da epiderme e não é possível que um ano de investigações e escutas não tenha apanhado as camadas mais profundas do tecido.
A prisão do procurador-geral deixa o superintende em situação delicada, pois demonstra, por quaisquer dos ângulos que lhe referenciem a posição, que ele não mais reúne condições para permanecer no cargo: em sendo aquele figura da mais estreita confiança desse, é possível, em tese, inferir que ou o superintende do órgão conhecia as atividades do procurador ou era um néscio. Uma, ou ambas, das hipóteses lhe são desabonadoras.
> O MPE colocará lupa?
Resta, ainda, saber se o Ministério Público do Estado, da mesma forma que fez na Alepa, irá passar um pente fino no Detran. Ou o Parquet faz isso imediatamente ou restará, também sobre ele, a desconfiança de que a “Operação Blitz” foi engendrada apenas para arranhar a epiderme.
Por todo o exposto acima, está na hora do governador Simão Jatene intervir no Detran-PA, antes que o banzeiro lhe vire a canoa.
A ilustração é de Mariana Pellegrini.
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