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quinta-feira, 19 de abril de 2007

Quem lucra no jogo

Uma questão que não pode passar ao largo desse seminário “Desenvolvimento sustentável do Pólo Carajás”: a quem interessa a crise sem solução aparente das guseiras? Ponto!, se você disse Vale do Rio Doce. Pressionada pelas ongs ambientalistas e pela opinião pública internacional, cada vez mais poderosas junto aos compradores de minério de ferro, a Vale ameaça deixar de fornecer matéria-prima às siderúrgicas. Ora, a Vale tem sua própria sustentabilidade; herdou, quando privatizada, 30 mil hectares de eucalipto plantado há duas décadas ou mais (logo, pronto pro abate), que serviria para a produção de celulose no Maranhão, projeto abandonado. Assim que a Nucor começar a produzir gusa, vai também gerar seu próprio carvão, claro. Enquanto isso, as guseiras irresponsáveis, que jamais plantaram nada desde 1986, ou, se plantaram, não dizem onde nem se dá para o gasto, essas se quiserem vão ter de comprar carvão mineral, vulgo coque, que a Vale pode trazer em seus navios ociosos no retorno da China. Seria uma possibilidade se, claro, nossas guseiras pudessem vir a usar coque, mas nenhuma delas tem estrutura para isso, segundo uma fonte de lá. Logo, para consumir carvão mineral seria preciso reformatar todos os altos-fornos, ou seja, reconstruir tudo, com altos investimentos. Por fim, deixar a Vale de abastecer as guseiras encrencadas não é prejuízo; é, na verdade, uma forma de livrar-se de uma pedra no meio do caminho.

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